Minas Gerais

JUSTIÇA

Prisão de Cunha não significa mudança na ordem conservadora

Análises apontam que detenção do ex-deputado não elimina parcialidade da Lava Jato

Belo Horizonte |
O pedido de prisão preventiva, emitido pelo juiz Sérgio Moro em primeira instância, decorre do processo que apura os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro cometidos pelo político
O pedido de prisão preventiva, emitido pelo juiz Sérgio Moro em primeira instância, decorre do processo que apura os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro cometidos pelo político - Wilson Dias / Agência Brasil

O  deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB) foi preso na terça (19), em Brasília, no âmbito da Operação Lava Jato. O pedido de prisão preventiva, emitido pelo juiz Sérgio Moro em primeira instância, decorre do processo que apura os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro cometidos pelo político, acusado de receber propina de um contrato da Petrobras para exploração de petróleo na África. 
Em artigo publicado no The Intercept Brasil, o repórter Andrew Fishman discute os objetivos da detenção: “A dúvida é se essa ação representa justiça sendo feita ou uma ovelha sendo oferecida em sacrifício para as massas”. Para ele, o momento é “mais adequado à vigilância que à celebração” para quem pede pela saída de Temer.
O jornalista afirma que a ideia de ver Cunha atrás das grades desencadeia na população uma espécie de catarse coletiva, que serve a muitos interesses. De um lado, pode desmobilizar a oposição, já que o “Fora Cunha” está cumprido. De outro, respalda o discurso de imparcialidade de Moro sem que ele atinja os novos poderosos de Brasília. Andrew destaca ainda que essa aparência de imparcialidade certamente será usada no dia em que o juiz pedir pela cabeça do ex-presidente Lula.
Cumpriu seu papel
Ronilso Pacheco, também do Intercept Brasil, escreve que a queda gradativa do ex-deputado também rendeu benefícios ao DEM, que se fortaleceu com a vitória de Rodrigo Maia na presidência da Câmara, e ao PMDB, que se aproveitou do poder de Cunha enquanto ele podia prejudicar Dilma 
Rousseff. 
“A crucificação e morte de Cunha não significam nada de mudança na onda conservadora que permanece varrendo o país com força total via Executivo-Legislativo. Na verdade, só demonstra que essa onda é tão violenta que eles vão se destruindo entre eles mesmos e dividindo entre si o poder que oprime o lado de baixo”, destaca.

 

Edição: ---