Lava Jato

Odebrecht relata pagamento de caixa dois à campanha de José Serra

Empresa prometeu entregar comprovantes de depósitos; parte do dinheiro foi transferido para uma conta na Suíça

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O ministro de Relações Exteriores, José Serra
O ministro de Relações Exteriores, José Serra - Valter Campanato/ Agência Brasil

A empreiteira Odebrecht revelou à Operação Lava Jato que repassou R$ 23 milhões via caixa dois à campanha presidencial do atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, em 2010. A informação foi obtida no acordo de delação premiada de dois executivos da empresa, Pedro Novis e Carlos Armando Paschoal, com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a força-tarefa da operação.

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Segundo a reportagem da Folha de S. Paulo, uma parte do montante do dinheiro foi transferido para uma conta na Suíça. A empresa prometeu ainda entregar aos investigadores comprovantes de depósitos feitos na conta no exterior e também no Brasil.

Os delatores fazem parte de um grupo de 80 funcionários da empreiteira que negociam a delação na operação. Novis foi presidente do conglomerado de 2002 a 2009 e é atual membro do conselho administrativo da Odebrecht. Já Armando Paschoal atuava no contato com políticos de São Paulo e na negociação de doações para campanhas eleitorais.

Segundo o relato aos procuradores, o caixa dois teria sido articulado pelo ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho, na época filiado ao PSDB e hoje no PSD, e pelo ex-deputado federal tucano Márcio Fortes.

Oficialmente, a empreiteira doou R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional da campanha do PSDB à Presidência da República. O valor do caixa dois, que chega ao valor de R$ 34,5 milhões quando corrigido pela inflação, foi negociado com a direção nacional do partido.

Esta não é a primeira vez que o nome de José Serra está envolvido na Lava Jato. O tucano configura na lista de políticos apreendida na casa do presidente da construtora, Benedicto Barbosa da Silva Júnior. Conhecido como BJ, ele foi preso durante a 23ª fase da Lava Jato em fevereiro deste ano. Serra é chamado de "careca" ou "vizinho" em documentos internos da empreiteira, por já ter sido vizinho do executivo Pedro Novis.

A denúncia pode comprometer o cargo do tucano no Itamaraty. Procurado pela reportagem da Folha, Serra disse que não comentaria os vazamentos de supostas delações.

Edição: Juliana Gonçalves

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