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MBL convida Gilmar Mendes para congresso

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Ministro do STF Gilmar Mendes também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Ministro do STF Gilmar Mendes também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - STF
Há quem diga que de tanto aparecer na mídia, Mendes virou arroz de festa

O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem aparecido quase diariamente nos mais diversos espaços midiáticos. Há quem diga que de tanto aparecer, Mendes virou arroz de festa. Nestes dias, por exemplo, em entrevista para a revista Exame, Mendes declarou ter incertezas sobre a necessidade de neste momento manter preso o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB).

Em outras ocasiões, ao dar parecer sobre políticos investigados ou presos, sobretudo do Partido dos Trabalhadores (PT), Gilmar Mendes nunca duvidou de qualquer decisão judicial, mesmo quando colocadas em dúvidas por advogados quanto à imparcialidade.

Mendes justificou seu ponto de vista sobre Cunha afirmando que “a Constituição diz que só pode ocorrer prisão de parlamentar em caso de flagrante delito. Portanto, o Supremo não poderia decretar a prisão de Cunha sem a devida análise”. E complementou afirmando que “não sei se há razões para a prisão de Eduardo Cunha agora”.

Gilmar Mendes é considerado um magistrado do mais alto gabarito, sobretudo por editores da mídia conservadora, daí ser convocado volta e meia para opinar sobre fatos relacionados com o momento atual e pareceres jurídicos. 

Nesse sentido, o Movimento Brasil Livre (MBL) que se empenhou diuturnamente para a derrubada da Presidenta eleita Dilma Rousseff (PT), também tem Gilmar Mendes em alta deferência, tanto assim que é um dos convidados para participar o II Congresso do grupo, considerado de ultra-direita, o que, por sinal, seus integrantes não escondem. O encontro será realizado neste mês de novembro.

No convite, que pode ser encontrado nas redes sociais, Gilmar Mendes além de “confirmado” como participante é apresentado inclusive como “mestre e doutor” da Universidade de Munster (Alemanha), entre outras coisas. Outros nomes são confirmados, entre os quais o de Janaína Pascoal, a tal advogada que apresentou junto com Miguel Reale e Hélio Bicudo o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, aceito por Eduardo Cunha, mas sem serem apresentados com a reverência feita a Gilmar Mendes.

Realmente chama atenção como um Ministro do STF, afinal de contas a instância máxima da Justiça brasileira, é convocado, e aceita, com toda a pompa por um grupamento de extrema direita que garantia que inicialmente encerraria as atividades depois do impeachment.

Mas o grupo segue com toda a pompa e já defende com o máximo ardor a tal PEC que no Senado tem a indicação de 55 e objetiva congelar os gastos públicos por 20 anos.

Já que foi mencionada a tal PEC, agora 55, vale lembrar que o golpista que usurpa a Presidência da República, Michel Temer (PMDB), ao defender o ajuste fiscal que o seu governo leva adiante citou a ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, para dizer que os discursos de ambos se assemelham do ponto de vista do controle das contas públicas.

Temer se sente tão a vontade que começa a se considerar o rei da cocada preta e não mais esconde que a sua “ponte para o futuro” tem por objetivo fortalecer de uma vez por todas o neoliberalismo. Antes do impeachment ele não chegava a mencionar Thatcher, tentando enganar incautos, mas agora perdeu a vergonha.

Em suma, assim caminha o Brasil neste momento. Mas há setores políticos que querem muito mais e alguns analistas começam a admitir a possibilidade de a partir de janeiro de 2017 se desfazerem de Temer e colocarem, por via de eleição indireta pelo Congresso, como determina a Constituição, alguém mais gabaritado para fortalecer o projeto neoliberal em andamento. Já se fala em Fernando Henrique Cardoso e até mesmo no ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Como se não bastasse uma desgraça só, a representada por Temer, os defensores do Estado mínimo querem muito mais. E podem estar preparando até desfechar um golpe dentro do golpe.

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