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Papa Francisco abre as portas para lideranças populares

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Papa contribui para a resistência de vários povos contra a exclusão e a miséria

O I Encontro dos Movimentos Populares em diálogo com o Papa Francisco realizado em outubro de 2014 em Roma não seria mais uma evento na agenda da Igreja, mas o início de uma caminhada de escuta, compromissos e denúncias. Ao abrir as portas do Vaticano para lideranças populares, muitas delas perseguidas e ameaçadas de morte em seus países, o Papa Francisco selou um compromisso com os excluídos e denunciou as condições em que vivem no mundo: sem teto, sem direitos, sem terra. Pela primeira vez na história do Vaticano, um Papa se encontrou com representantes populares com uma ampla pluralidade de credos religiosos, etnias, gênero, geração, orientação sexual.
Em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, no II Encontro realizado em 2015, ele  abraçou e escutou os movimentos latinoamericanos num momento em que o continente sofria (e ainda sofre) forte ataque das forças conservadoras numa rearticulação que passa por desestabilizar econômica e politicamente vários países e financiar golpes de Estado a serviço do "deus mercado". Foram 1.500 pessoas de 40 países recebidas e escutadas numa região de forte atuação do agronegócio. Ali o Papa reafirmou a denúncia de que esse "sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suporta as comunidades, não o suportam os povos... E nem sequer o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco."
Assim, neste diálogo permanente, o Papa contribui para arrancar da invisibilidade a luta e resistência de vários povos contra a exclusão e a miséria. Ele novamente abre as portas do Vaticano para um novo encontro.
O III Encontro Mundial acontece de 02 a 05 de novembro. E neste novo encontro, além de reafirmar o compromisso com os 3 Ts - Teto, Trabalho e Terra - será pautado pelos tema "Povo e Democracia, Território, Natureza e Refugiados". Durante os 3 primeiros dias do Encontro, os participantes discutirão propostas sobre estes temas e elaborarão um documento, que será entregue ao Papa no último dia, quando novamente ele receberá os movimentos no Vaticano. Do Brasil participam o Conselho de Entidades Negras (Conem), a Central dos Movimentos Populares (CMP), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a União Nacional por Moradia Popular (UNMP), a articulação Quem Luta Educa e a CUT Minas.
Como nos disse o Papa em Santa Cruz de La Sierra, "digamos NÃO às velhas e novas formas de colonialismo. Digamos SIM ao encontro entre povos e culturas. Bem-aventurados os que trabalham pela paz".

* Beatriz Cerqueira é professora, coodernadora-geral do Sind-UTE/MG e presidenta da CUT/MG.

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