Pernambuco

PEC DA MORTE

A luta dos estudantes contra a PEC 55 cresce em Pernambuco

No Recife, escolas de referência, foram ocupadas como forma de protesto

Recife |
Atividade na ocupação do GP Aurora
Atividade na ocupação do GP Aurora - Ocupa GP-Aurora

A luta contra a PEC 55, que prevê congelamento dos investimentos públicos em saúde, educação e demais direitos básicos da sociedade, tem ganhado mais força a cada dia no país inteiro. Uma das ações que tem protagonizado essa resistência é a ocupação de universidades e escolas. No Brasil, já somam quase 600 escolas ocupadas. Desde a segunda-feira, 07 de novembro, a Escola de Referência de Ensino Médio Cândido Duarte, localizada no bairro de Apipucos, em Recife, está ocupada pelos estudantes. Foi a primeira ocupação de escola na capital pernambucana no atual contexto. 
Tris e Anelise*, integrantes da comissão de comunicação da EREM Cândido Duarte, explicam como seu deu a ocupação da escola: “Nossa escola foi ocupada depois de uma assembléia com todos os alunos. Todos nós já estávamos conscientes do motivo pelo qual estávamos lutando. Que é contra a PEC 55, a Reforma do Ensino Médio e por melhorias na nossa escola. No outro dia (08.11), Policiais Militares receberam ordens de não deixar nenhum aluno sair ou entrar. Não houve violência. Depois de muita conversa e apoio de algumas figuras importantes, conseguimos a livre entrada e saída do prédio”. 

A terça-feira (08.11) foi o dia que começou a ocupação do EREM Martins Júnior, no bairro da Torre. Mikael Santos, da comissão de comunicação da ocupação desta escola, conta que houve um processo anterior de assembleias com todos os alunos, nas quais debateram sobre a conjuntura e formação as comissões para realizar a ocupação. “Todo mundo chegou com as mochilas pra ocupar a secretaria. Teve uma repressão por parte de quatro representantes do MEC, que ficaram por um tempo conversando com dois alunos da comissão de comunicação para tentar nos desmobilizar”, narra o estudante. 
“Conseguimos pegar as chaves da escola e improvisamos uma cozinha na sala de práticas, pois a cozinha é terceirizada e foi fechada pela empresa. Nesse dia, estávamos em 40 alunos. Segunda e sexta tem o mutirão de limpeza, no resto da semana fazemos manutenção, limpamos os banheiros, cozinha e o lugar onde dormimos. A equipe de comunicação fica responsável de receber as pessoas que se dispõem a fazer atividades e organizar a programação”, explica Mikael. 
O Ginásio Pernambuco, localizado na Rua da Aurora, um dos mais tradicionais de Pernambuco, foi ocupado na última quarta-feira (16.11), após assembleia e pesquisa com os alunos. Joana Silva, aluna do 3° ano do Ensino Médio, conta que o processo foi tranquilo. “Por ser uma escola de referência e muito antiga, todo mundo conhece. Por isso, é tão importante essa ocupação também. É uma oportunidade de mobilizar mais gente e contribuir com a formação do pensamento crítico dos nossos colegas mais jovens, do 1° e 2° ano, por exemplo. Por que, é preciso que todos saibam que, se a PEC 55 for aprovada, não vamos ter escola de qualidade e nem faculdade pública. A ocupação tem o papel fundamental de protagonismo do estudantes, que lutam pela educação e pelo país”, explica a estudante.  
No cotidiano das ocupações, as atividades de manutenção do espaço, os debates, cines e oficinas tem proporcionado diversos aprendizados. “Tínhamos um colega do 1° ano que tinha muitas dificuldades na leitura, depois de ajuda coletiva, durante esses dias, ele consegue ler sozinho. Além disso, temos aprendido sobre confiança, maturidade e respeito”, observa Mikael.
O apoio da comunidade, dos pais, dos professores e das outras ocupações é importante para manter as ocupações fortes, de acordo com os estudantes. Tris e Anelise afirmam: “Temos recebido doações de mantimentos de várias pessoas. Inclusive, muitos pais tem doado, visitado e conseguido outros apoios para nós. Isso tem sido muito bom”. 

*Todos os nomes foram trocados para garantir o anonimato dos ocupantes
 

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