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Início Bem Viver Cultura

CRÔNICA

O primeiro sereno de abril

A gente é um poema muito antigo

18.nov.2016 às 13h32
Recife (PE)
Roberto Efrem Filho
Roberto Efrem Filho – ou Beto, como gosta – é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra.

Roberto Efrem Filho – ou Beto, como gosta – é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra. - Roberto Efrem Filho – ou Beto, como gosta – é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra.

A gente é um poema muito antigo. Um poema que vovó já escrevia quando, nos domingos de minha infância, passava à calçada e gritava "Beto, meu filho, olha o sereno", pondo-me para dentro. No interior entardecido da casa, apenas se ouvia o barulho do jogo do Santa Cruz no rádio de pilha que vovô mantinha grudado à orelha esquerda. Mentira. Engano meu. Também se ouvia Aia abrir o forno e deitar à mesa o pão torrado, o queijo-manteiga e a sopa de feijão que eu não tomava porque, como você sabe, eu não sou muito chegado a sopa, a não ser à da sua mãe. Depois, satisfeitos, seguíamos todos para o terraço de azulejos amarelos. Mainha na rede. Painho na rede. Vovó a explicar que precisava urgentemente ir àquela loja na Rua das Calçadas, àquela outra na Rua Direita, onde Fulano, que era filho de Beltrano, "cunhado de Mariazinha, minha filha, lembra não?" – Mainha nunca se lembrava! – havia morado antes da cheia de 1975. Àquele tempo, impressionavam-me os nomes das ruas e a quantidade de gente de quem vovó falava e que, de algum modo que eu não compreendia bem, Painho parecia conhecer. Talvez o passado comprometa as distâncias. Talvez o passado reorganize o espaço. Às vezes, a conversa se perdia em "que rua dava em que outra rua" ou em "qual era mesmo o nome daquela rua que desembocava no Cais Santa Rita". Vovó gostava de dizer aqueles nomes todos. E talvez fosse esse o maior prazer daquelas conversas e daqueles finais de tarde de domingo. Penso nisso até hoje quando ando "pelo Recife" – vovó assim chamava o centro da cidade – e me vejo refazendo os caminhos de minha avó e de meu pais nos nomes das ruas calorentas e apertadas do vuco-vuco. No terraço, enquanto eu aguardava o sereno passar para voltar a brincar lá fora com os outros meninos, vovó escrevia saudade nos nomes das ruas de sua memória. Hoje, quando deixei você no aeroporto, foi uma saudade tão profunda quanto aquela o que me acolheu. Entrei no carro e dirigi em direção ao apartamento da mãe de Natália – Miguel e ela foram comigo até a Praça do Derby, queríamos ver o acampamento contra o golpe. No caminho, porém, o sereno rescindia a tarde. É certo, não havia vovó. Mas havia este sentimento, esta certeza, de que a casa em que eu haveria de entrar voava entardecida, em seu corpo, numa cadeira de corredor de avião. Eu gosto de dizer seu nome.

Editado por: Redação
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