Paraná

Cultura e gênero

O poder das mulheres do Rap

Tássia Reis, Janine Mathias e Karol Conka ressaltam a representatividade feminina em rica parceria

Curitiba |
Show na Boca Maldita, que integrou a programação do Tijucão Cultural
Show na Boca Maldita, que integrou a programação do Tijucão Cultural - Julio Garrido

O empoderamento feminino é pauta necessária e, por bem, tem se estendido por várias instâncias da sociedade. Somos quase 105 milhões de brasileiras, mas nossa representatividade em alguns setores ainda é pequena. O universo Hip Hop, até pouco tempo predominantemente masculino, tem se aberto cada vez mais à atuação das mulheres. Hoje, são muitas as artistas que se apresentam em eventos de Rap, Breaking e Graffiti, fazendo valer o lugar que nos cabe como maioria dos habitantes do país.

No último mês, Tássia Reis, Janine Mathias e Karol Conka se reuniram em Curitiba para apresentar um espetáculo inédito que, além da proposta musical, trouxe à cena a força das mulheres do Rap no contexto artístico brasileiro. As cantoras possuem um trabalho consistente, aclamado por público e crítica.

A curitibana Conka, idealizadora da proposta, convidou suas colegas de ritmo e poesia para criar uma bem-vinda parceria musical. Juntas, compuseram uma nova canção, registro da união para além dos shows. “Se tem protagonismo, tem coletividade”, cantam as rappers, ressaltando a relevância da periferia e da mulher num Brasil de preconceitos sociais, raciais e de gênero.

Além da apresentação gratuita no palco da Boca Maldita, o itinerário da mini-turnê passou pelo Teatro do Paiol e pelas regionais Cajuru e Boqueirão, em concertos exclusivos voltados a estudantes da Rede Pública. No entanto, a mobilização pouco eficaz nas comunidades comprometeu a abrangência dos eventos. Realizado no Alto Boqueirão, bairro em que Conka passou a infância e a adolescência, um dos shows contou com um público muito aquém do grau de alcance do projeto.

O antigo reduto na região sul guarda marcas da vivência da cantora: ali estão amigos, colegas de colégio, vizinhos e a própria família. Merecia, pois, mais prestígio ao trabalho artístico da ex-moradora mais famosa, que está conquistando o mundo com sua mensagem de empoderamento e que continua citando o Boqueirão em suas rimas.

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