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“No atual momento, só cabe aprofundar organização e luta de massas”, aponta Stedile

Dirigente do MST participou de uma conjuntura política durante a Assembleia Continental dos Movimentos Sociais da ALBA

Resumen Latinoamericano |
Stedile realizou uma importante reflexão sobre a correlação de forças na América Latina e o mundo
Stedile realizou uma importante reflexão sobre a correlação de forças na América Latina e o mundo - Guilherme Santos/Sul21

O dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, fez uma análise sobre o conjuntura política da América Latina, no espaço “Momento político: neoliberalismo, neodesenvolvimentismo e socialismo em nosso continente”, durante a Assembleia Continental dos Movimentos Sociais da ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos das Américas).

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Stedile realizou uma importante reflexão sobre a correlação de forças na América Latina e o mundo, sinalizando que esta deve ser sempre coletiva, e não individual.

O militante brasileiro lançou alguns elementos provocativos para a discussão. Assim, pontuou que “todo nosso território continental – a exceção de Cuba e outros poucos processos – são dependentes do capitalismo mundial”, e isto influência, notoriamente, na economia de nossos povos.

“O modo de produção capitalista está em crise”, disse Stedile. Ele explica que, entre outras coisas, “1% das empresas do mundo já não significa, nem sequer como um ímpeto, nenhum tipo de progresso para a humanidade”. Segundo esta opinião, “o capitalismo também vive uma grave crise do processo de acumulação” e, como consequência dessas realidades, se acentua uma crise social generalizada, já que “os capitalistas põem sobre as costas dos trabalhadores a recuperação do capital e do lucro”.

Crise ambiental

Outro elemento sinalizado por Stedile aborda a “crise ambiental profunda”, na qual “se pretende privatizar desde o petróleo e o gás até a água”. Sobre o último, apontou que “a água é hoje um elemento mais caro que o petróleo, e, de fato, a multinacional Coca-Cola ganha mais em um ano com água que com refrigerantes”.

Nesse panorama de retrocesso ambiental não podia faltar o dado de que “todos os anos são despejados 5 bilhões de litros de venenos sobre a terra, o que deriva em mais câncer e mais mudanças climáticas”. Enquanto isso ocorre, seguem subindo as temperaturas em 300 cidades que estão no litoral, que poderão desaparecer, entre elas Rio de Janeiro, pontuou o dirigente.

Políticas e valores

Logo, a análise avançou sobre a “crise política”, que vem parindo Estados falidos que não garantem democracia, e menos ainda através da ideia de que “o voto de cada cidadão ou cidadã é igual a outro”. “Hoje, na política atual, a única coisa que vale é o dinheiro, tudo se compra e tudo se vende”, aportou Stedile.

O militante do MST também abordou a “crise de valores”, pontuando que, em outros tempos, os mesmos eram o de trabalho e de organização, e “agora nada disso interessa e só priorizam o consumismo e o individualismo”. Além disso, indicou que “nenhuma sociedade pode se construir com base nesses valores”, e ironizou: “nem todos podem querer comprar um carro, já que não vai existir, em um curto prazo, caminhos para esses veículos”.

Stedile ratificou uma questão que vem trabalhando ultimamente, e que tem a ver com marcar claramente que nesses momentos em que as direitas regionais imperialistas estão em plena contraofensiva, e que vale a pena insistir que “tanto o neoliberalismo, o neodesenvolvimentismo e a própria esquerda estão em crise”.

No Brasil e na Argentina, disse, “foram derrotados os governos neodesenvolvimentistas, não porque fossem processos revolucionários, se não porque o capitalismo necessita, em sua voracidade, o capitalismo necessita controle absoluto”.

Desafios

Finalmente, entre os desafios desta etapa para as organizações populares, Stedile marcou três pontos. O primeiro é “construir, em cada país, as plataformas que mostrem a nossos povos como enfrentar o capitalismo e o imperialismo. E, também, como construir o socialismo”.

O próximo é que “é tempo para nossos militantes fazerem o trabalho profundo na formação ideológica. Por fim, “construir nossos próprios meios de comunicação de massas, e também desenvolver formas culturais criativas – desde o teatro até a música –, para que contribuam em tarefas formativas”.

Stedile ainda homenageou Fidel Castro, sinalizando que o dirigente revolucionário cubano “sempre soube organizar o povo para lutar e isso hoje é o central: aprofundar a luta de massas contra o capitalismo e o imperialismo”.

Edição: José Eduardo Bernardes

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