PROCESSO

Moro não aceita críticas a Lava Jato e tenta intimidar petroleiro

Por não aceitar críticas aos trabalhos da 'Operação Lava Jato', o juiz Sergio Moro resolve intimidar petroleiro

Rio de Janeiro (RJ) |
Coordenador do Sindipetro-RJ, Emanuel Cancella (na foto com terno preto) foi intimado por Moro
Coordenador do Sindipetro-RJ, Emanuel Cancella (na foto com terno preto) foi intimado por Moro - Divulgação APN

O coordenador do Sindipetro-RJ, Emanuel Cancella, recebeu uma intimação na última sexta-feira (9), do Ministério Público Federal (MPF) movida pelo juiz Sergio Moro da operação Lava Jato. A intimação de número 09/2016 (PR-RJ – 00080581/16), emitida pelo MPF, trata sobre possíveis práticas de crime contra a honra do servidor público federal.

“Falei com uma atendente, que passou para a outra, que por sua vez mandou que eu ligasse 20 minutos depois. Liguei e fiquei sabendo que o autor da intimação era o juiz Sérgio Moro. Em primeiro lugar, quero dizer que não conheço o juiz pessoalmente, não tenho nenhum problema pessoal contra ele, entretanto tenho severas críticas à operação Lava Jato que ele comanda. Quero salientar também que a Lava Jato tornou-se o maior acervo da vida política brasileira contemporânea, porém, na minha concepção, e de muitos, Moro usa de forma seletiva essas informações.” – explica Cancella, que também é coordenador da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

Criticas a Lava Jato no blog

Em breve Emanuel Cancella pretende lançar o livro ‘Outra Face de Sérgio Moro’, uma coletânea com uma série de artigos sobre a’ Lava Jato’ produzidos em seu blog. “Quero dizer que o livro expressa críticas à atuação do juiz Moro, mas também dá a ele a oportunidade de explicar situações da Lava Jato questionadas no Brasil e no mundo!”, diz

A cada atualização do blog todo  material publicado é encaminhado aos jornais como O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e  também para revistas como Isto É e Veja, sendo todos solenemente ignorados e sequer mencionados nas seções de cartas dos leitores. 

“Fico preocupado porque essa intimação chega a um momento em que o meu livro, está na fase final de revisão para em seguida ir para a gráfica. O lançamento do livro será até o final do ano. Aliás, quero agradecer, de público, à brilhante jornalista Fátima Lacerda que, sem ela, essa obra não seria concretizada, como também aos cartunistas Mega e Latuff. Esclareço que toda renda do livro, incluindo o trabalho gratuito da jornalista, será doada para os cerca de dois milhões de trabalhadores demitidos em função da operação Lava Jato, sendo retirados apenas os custos da edição, financiado pelo autor”, explica.  

A Operação Lava Jato e seus objetivos não declarados

Desde a instalação da operação Lava Jato, em março de 2014, Cancella se mostra desconfiado do cenário de mudanças que se armava, por isso passou a acompanhar atentamente o passo a passo das investigações em torno da Petrobrás. A princípio, aplaudindo, como todo cidadão de bem. “Afinal, quem pode ser contra varrer da maior empresa nacional os corruptos e os corruptores?” Mas logo o sindicalista percebeu que o combate à corrupção não era a meta principal.

"O objetivo não declarado da Lava Jato foi ficando a cada dia mais evidente: desmoralizar a empresa dos sonhos dos brasileiros, fatiar para privatizar o Sistema Petrobrás, entregar às potências estrangeiras o pré-sal, que elevou o Brasil à condição de gigante entre os principais produtores de petróleo do mundo. Em paralelo, a meta era anular os avanços constitucionais, consagrados em 1988, direitos civis e sociais, trabalhistas e previdenciários, impor retrocessos inimagináveis na saúde e na educação públicas, aprofundar o apartheid social, a violência contra os pobres, o genocídio de negros e índios. Tudo, devidamente, encoberto pela mídia grande mídia comercial e pela ilusória cruzada anticorrupção", diz Cancella.

Quem quiser conferir o blog que tirou o juiz Sergio Moro do sério acesse emanuelcancella.blogspot.com.br

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