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Diretas Já é a única solução política possível contra o golpe

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"A realização da 1ª Plenária Nacional da Frente Brasil Popular representa um passo decisivo na resistência ao golpe"
"A realização da 1ª Plenária Nacional da Frente Brasil Popular representa um passo decisivo na resistência ao golpe" - Mídia NINJA
Somente o “Partido Lava Jato” pode oferecer as medidas de um “Estado de Exceção”

Na medida em que nos aproximamos do dia 2 de janeiro de 2017, a Rede Globo eleva o tom no ataque a Temer. Qualquer afastamento presidencial após esta data implicará em eleições indiretas e as conspirações aceleram para assegurar essa grande oportunidade ao neoliberalismo: comandar o Poder Executivo sem enfrentar as urnas. É o golpe, dentro do golpe!

Como entender essa instabilidade política na disputa pela direção do campo golpista?

Embora as forças econômicas que patrocinaram o golpe estejam unificadas em relação às suas principais medidas, cresce a disputa para definir quem ocupará o controle político. O estrato jurídico burocrático, conformado por membros do judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal - que tenho chamado de “Partido Lava Jato” - aproveita-se da abrangência das denúncias obtidas com a delação da Odebrecht para se impor como principal ator nesta disputa.

Não é casual que no embate entre os parlamentares, preocupados em salvar a própria pele, e o “Partido Lava Jato”, materializado no episódio da tentativa de afastamento de Renan Calheiros, a Rede Globo tenha se posicionado claramente. Mesmo com Temer cumprindo todos os compromissos da nova ofensiva neoliberal, o capital internacional e os setores da burguesia associada, de quem a Rede Globo é o inquestionável porta-voz, preferem o “Partido Lava Jato”.

A explicação é simples. Somente o “Partido Lava Jato” pode oferecer ao projeto político do golpe as medidas repressivas de um “Estado de Exceção”, necessárias para a implementação de um programa que implica em reduzir direitos e conquistas sociais em meio a uma grave crise econômica. Além disso, ao representar a alta classe média, historicamente mobilizável pelo discurso do combate à corrupção, confere uma base social de apoio, componente indispensável a todos os golpes.

Neste cenário, que se altera com grande velocidade, a palavra de ordem “Diretas Já” ganha centralidade. Ela coloca a questão da soberania popular, através do voto direto, como a única solução política possível ante o golpe.

O elo frágil dos golpistas

O roteiro político previsto pelo golpe precisa condenar Lula e inabilitá-lo para as eleições presidenciais previstas em 2018. Correm contra o tempo. Por mais que acelerem a tramitação, precisam manter os prazos processuais. Porém, até o momento, já foram ouvidas mais de 20 testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal e todas elas negaram a acusação.

Os setores golpistas sabem que, na medida em que passam os meses, a farsa vai perdendo força e as previsíveis tensões sociais começam a desenhar um perigoso horizonte. Neste momento, este é o elo mais frágil do plano golpista. Lula é o único candidato do campo democrático popular capaz de representar uma ameaça política às forças golpistas. Impedi-lo de disputar as eleições é decisivo para eles.

Avançamos na unidade

A realização da 1ª Plenária Nacional da Frente Brasil Popular, solidificando a unidade entre as maiores organizações políticas de esquerda, maiores centrais classistas e principais movimentos sociais do campo e das cidades, representa um passo decisivo na resistência ao golpe.

Ao avançarmos na unidade, definindo não apenas palavras de ordem, agenda de lutas e análises comuns, mas iniciando a construção de uma plataforma política e dando passos para um programa conjunto, potencializamos nossa força, possibilitando uma ferramenta de lutas capaz de enfrentar e derrotar o golpe.

Ricardo Gebrim é da direção nacional da Consulta Popular.

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