Falecimento

Aos 95 anos, morre o "cardeal do povo", Dom Paulo Evaristo Arns

Reconhecido pela luta dos direitos humanos e contra a ditadura militar, o arcebispo emérito faleceu em São Paulo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O cardeal Dom Paulo Evaristo Arns
O cardeal Dom Paulo Evaristo Arns - Reprodução

O cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo, faleceu às 11h45 desta quarta-feira (14), aos 95 anos. A informação foi confirmada em nota divulgada pela Assessoria de Imprensa da Arquidiocese de São Paulo.

Ele foi internado no Hospital Santa Catarina no dia 28 de novembro por causa de uma broncopneumonia e encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por complicações renais. O velório e os ritos fúnebres serão realizados na Catedral Metropolitana paulistana, na Sé, região central.

Arns é conhecido como “cardeal do povo” por sua trajetória de luta pela promoção dos direitos humanos e atuação contra a ditadura militar, defendendo perseguidos pelo regime e seus familiares. Ele ingressou na Ordem Franciscana em 1939 e foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos de 1960 e 1970.

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A ação política de Arns contra a repressão ganhou destaque em 1969, quando passou a defender seminaristas dominicanos presos por ajudarem militantes da luta armada, especialmente da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Em nota, o cardeal de São Paulo, Dom Odilo Scherer, reconheceu o "engajamento corajoso na defesa da dignidade humana e dos direitos inalienáveis de cada pessoa" de Arns e afirmou que ele foi "exemplo de Pastor zeloso do povo de Deus e por sua atenção especial aos pequenos, pobres e aflitos".

Homenagem

No dia 24 de outubro, Dom Paulo Evaristo Arns foi homenageado Teatro Tuca, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), data em que celebrava seu aniversário de 95 anos. No evento foi lançada a biografia do arcebispo "Dom Paulo, um homem amado e perseguido", de autoria de Evanize Sydow e Marilda Ferri.

Na ocasião, diversas personalidades e representantes de movimentos populares destacaram a trajetória do arcebispo na defesa dos direitos humanos, especialmente na ditadura militar. Entre os participantes estavam Ana Dias, Dalmo Dallari, Fábio Konder Comparato, Juca Kfouri, João Pedro Stedile, José Gregori e Luiz Eduardo Greenhalgh e uma mensagem especial do papa Francisco.

Edição: Simone Freire.

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