Assassinato

Metrô admite que não havia seguranças na estação em que ambulante foi assassinado

Em nota, Centro de Controle da Segurança diz ter acionado equipes de agentes que não estavam na estação durante agressão

Rede Brasil Atual |
Manifestantes fazem homenagem ao ambulante morto na estação Pedro II do Metrô
Manifestantes fazem homenagem ao ambulante morto na estação Pedro II do Metrô - Alice Vergueiro

A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), empresa administrada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu hoje (27) que não havia nenhum segurança na estação Pedro II da Linha 3-Vermelha do Metrô, no momento em que o ambulante Luiz Carlos Ruas foi espancado até a morte por dois homens, após defender uma travesti que era perseguida por eles, na noite do último domingo (25). Em nota, a companhia informou que o Centro de Controle da Segurança acionou equipes de agentes que estavam nas estações vizinhas (Sé e Brás).

Segundo diretores do Sindicato dos Metroviários, a estação contava com apenas três trabalhadores no momento que Ruas foi agredido. “Um estava na bilheteria, outro na catraca e outro no CCO (Centro de Controle Operacional). Se olhar a escala vai ver que tem dois seguranças em cada estação, mas, na verdade, é a mesma dupla atuando em três estações diferentes", afirmou Marcos Freire, ativista LGBT e diretor do sindicato.

O Metrô informa que os seguranças se deslocaram imediatamente para a estação Pedro II, prestaram os primeiros-socorros e conduziram a vítima de agressão para o Pronto Socorro Vergueiro. A nota diz ainda que a companhia conta com cerca de 1.100 agentes de segurança. Considerando que metade deles estivesse de folga, ainda seria possível garantir, pelo menos, 8 agentes para cada estação naquela noite.

Porém, de acordo com o sindicato, durante a noite o Metrô conta com 68 seguranças para atuar em 63 estações. No entanto, como a atuação dever ser, no mínimo, em dupla, o número cobre somente 34 estações simultaneamente. Além disso, estações maiores e com diferentes pontos de bloqueio exigem mais funcionários. Segundo dados do Portal da Transparência do governo Alckmin, a companhia tem déficit de aproximadamente 600 funcionários. Outros 632 aderiram a um programa de demissão voluntária lançado este ano e devem ser desligados em breve.

Ruas foi brutalmente agredido após tentar defender uma travesti, identificada apenas como Brasil, que estava sendo perseguida por dois homens, após reclamar com eles por estarem urinando na rua. Uma outra travesti, que também foi agredida, conseguiu escapar. O ambulante foi espancado até a morte no hall da estação Pedro II, em frente à bilheteria. No vídeo de quase dois minutos divulgado pela polícia, nenhum segurança do Metrô aparece para conter os assassinos.

No início da tarde de hoje, um grupo de aproximadamente 100 pessoas realizou um ato em memória do ambulante e exigindo justiça e segurança no local. O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, comandou uma oração em homenagem a Ruas. "Vamos reivindicar do Metrô uma justa homenagem, que troque o nome desta estação para Luiz Carlos Ruas. Foi um caso de intolerância, mas também um caso de ódio social contra a população de rua. Foram três irmãos de rua agredidos. Pessoas que não podem acessar o Metrô nem ser protegidas por seus funcionários", afirmou o padre.

A polícia já identificou os dois homens filmados durante a agressão. Seus nomes são Alípio Rogério Belo dos Santos e Ricardo Nascimento Martins. O advogado Marcolino Nunes Pinho, defensor dos acusados, disse hoje ao jornal Folha de S.Paulo que eles não se entregarão à polícia, "por enquanto". Alegam que foram roubados pela travesti e agredidos por Ruas. Pinho também rechaçou que o motivo da agressão fosse intolerância.

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