Economia

Cesta básica em Belém (PA) aumenta 17% em 2016

Boa parte dos produtos que chegam na mesa do paraense é importada

Brasil de Fato | Belém (PA) |
Mercado do "Ver-o-Peso", em Belém (PA)
Mercado do "Ver-o-Peso", em Belém (PA) - Wilson Dias/Agência Brasil

O técnico de enfermagem do trabalho, José Corrêa, 55, sentiu que os produtos da cesta básica, como feijão, arroz e farinha, ficaram mais caros em Belém (PA) no ano de 2016 e, por isso, ele teve que reduzir a quantidade na hora da compra. “Vou diminuindo tudo. Ou seja, se antes colocava quatro, cinco colheres [de farinha], passei a colocar duas”, conta. 

A impressão de Correa está correta: o valor da cesta básica de Belém teve um aumento de 16,7% em dezembro, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), e passou a custar R$ 410 -- ou seja, quase metade do salário mínimo de 2016, que era R$ 880.

Foi o terceiro maior aumento de cesta básica dentre as capitais brasileiras, atrás somente de Rio Branco (23,63%) e Maceió (20,69%) --índices muito maiores que a inflação de 6,5% (IPCA). Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O economista e supervisor técnico do Dieese-Pará, Roberto Sena, afirma que Belém sempre esteve entre as capitais com a alimentação mais cara, apesar da vocação da cidade para a produção agrícola.

Ele explica que há produção, mas a quantidade não atende o consumo interno de forma satisfatória. Por isso, boa parte dos produtos que chegam na mesa do paraense são importados.

Em contrapartida, Belém prioriza a exportação de muitos produtos internos, como o pescado, o açaí e a carne, atendendo de forma precária o mercado interno. “Nós precisamos cada vez mais ampliar o nosso potencial agrícola. O produtor tem que ser bem aquinhoado, ter chance de escoar a produção. Vai ganhar o produtor e nós, consumidores, na outra ponta. Com isso, deixaremos de ter tantos atravessadores", sugere Sena.

Farinha

O alta no preço da alimentação em Belém superou a inflação no período de janeiro a dezembro de 2016, estimada em 6,4%. Os itens como leite integral, feijão, arroz agulhinha, café em pó e manteiga aumentaram em todas as cidades em comparação com 2015. Em Belém, o destaque foi a farinha de mandioca, que teve um reajuste de 63,16% no período.

Neste cenário, é necessário driblar a alta dos preços. A diarista Rozana Câmara, 37, conta que mora com mais quatro pessoas, e a avó contribui nas despesas da alimentação, mas, mesmo assim, teve que diminuir as compras nos meses de novembro e dezembro.

“Hoje está muito difícil sustentar uma família com um salário mínimo. Temos que procurar outras formas de renda, outra atividade extra para poder sustentar a família razoavelmente”, lamenta. 

O Dieese estimou que, para a manutenção de uma família de quatro pessoas, o salário mínimo em dezembro deveria valer R$ 3.856,23 ou 4,38 vezes o mínimo de R$ 880. O cálculo foi feito com base na cesta básica mais cara de dezembro de 2016, que foi a de Porto Alegre. 

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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