Transporte

Ato contra aumento de passagens em Recife cobra promessa de tarifa única

Os manifestantes e trabalhadores da capital pernambucana criticaram o preço e a qualidade do serviço prestado

Radioagência Nacional |

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Protesto percorreu as ruas da zona do central da capital pernambucana
Protesto percorreu as ruas da zona do central da capital pernambucana - UMES Pernambuco

Um protesto contra o aumento da passagem de ônibus da Região Metropolitana do Recife percorreu as ruas da zona do central da capital pernambucana na terça-feira (17). O reajuste de 14% foi aprovado na última sexta-feira e passou a valer no domingo. O percentual é aproximadamente o dobro da inflação de 2016. Com isso a passagem mais barata foi de R$ 2,80 para R$ 3,20, e a mais cara de R$ 3,85 para R$ 4,40.

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Os manifestantes e trabalhadores do entorno criticaram o preço e a qualidade do serviço prestado. Anni Carolyne, 19 anos, esteve no ato com as amigas. A jovem pega três ônibus só para ir ao curso, do UR 7 a Boa Viagem. O custo diário, ida e volta, é de R$ 17,20. Ela também trabalha, então diz que sente no bolso o aumento.

"A gente enfrenta um caos de engarrafamento todos os dias. As vias livres são só pra BRT então o ônibus comum sofre igual no trânsito. A passagem é absurda e o ônibus é lotado. Fora os assaltos. Já perdi dois celulares em dois meses".

Trabalhadores informais, que não possuem vale transporte, também reclamam do aumento da passagem, como a vendedora de pipoca há 30 anos Benedita Maria da Silva, 53.

"Foi muito triste, porque a gente não tem condições de vender um pacote de pipoca ganhando R$ 5 e pagar duas passagens a R$ 6,40. Ou eu pago a passagem ou fico sem almoçar, com fome."

O ato também criticou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, por não ter implementado uma promessa de campanha. O carro de som da manifestação tocou diversas vezes um discurso da eleição em que o governador prometia tarifa única de R$ 2,15 para ônibus da região metropolitana.

O aumento da passagem foi aprovado no Conselho Superior de Transporte Metropolitano na última sexta-feira. O representante do segmento estudantil no colegiado, Márcio Morais, disse que seu pedido de vistas foi negado e disse que faltou transparência e debate antes da aprovação do reajuste.

"Na sexta-feira passada o governo de Pernambuco mais uma vez não disponibilizou a planilha analítica que identificaria item por item para saber como eles chegaram a esse montante do aumento. Além disso votaram um aumento de 14,26%, que eles sabiam que ia onerar muito o bolso do trabalhador, em três minutos."

O conselheiro Márcio Morais entrou com um mandado de segurança para anular a reunião que decidiu pelo aumento e também pediu uma auditoria nas contas que definiram o reajuste. O processo será analisado a partir desta quarta-feira pelo desembargador Itabira de Brito, de acordo o Tribunal de Justiça de Pernambuco.

A Agência Brasil tentou contato com o Grande Recife Consórcio de Transporte, responsável pelo gerenciamento do setor, mas não obteve resposta. Para a imprensa, o consócio justifica o reajuste de 14% por causa do aumento de gastos com pessoal e insumos, além do investimento na renovação da frota e instalação de câmeras de segurança.

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