México

Peña Nieto cancela reunião na Casa Branca após ameaças de Trump

No Twitter, mexicano criticou a decisão de Trump de emitir um decreto que destina verbas para a construção de um muro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
"Nesta manhã informamos à Casa Branca que não participarei da reunião de trabalho programada para a próxima terça-feira", disse Peña Nieto
"Nesta manhã informamos à Casa Branca que não participarei da reunião de trabalho programada para a próxima terça-feira", disse Peña Nieto - Wiki Commons

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, anunciou nesta quinta-feira (26/01) que não viajará aos Estados Unidos e não se reunirá com o presidente Donald Trump, como estava previsto para a próxima terça-feira (30/01), após o aumento de tensão entre os dois governos e a ameaça de Trump de cancelar a reunião ‘se México não está disposto a pagar pelo muro’.

Continua após publicidade

"Nesta manhã informamos à Casa Branca que não participarei da reunião de trabalho programada para a próxima terça-feira com o @POTUS [Presidente dos Estados Unidos]", afirmou Peña Nieto no Twitter. 

Trump havia ameaçado cancelar a reunião após as declarações das declarações de Peña Nieto reiterando que o México ‘não pagará nenhum muro’ na fronteira entre os dois países.  Em mensagem no Twitter, Trump disse que "se o México não está disposto a pagar pelo tão necessário muro, então seria melhor cancelar a iminente reunião [com Peña Nieto]".

O republicano ainda destacou que os EUA têm “60 bilhões de dólares de déficit comercial com o México”. “Tem sido um acordo unilateral desde o começo do Nafta [Tratado Norte-Americano de Livre Comércio], com números massivos de empregos e empresas perdidas”, criticou.

Peña Nieto criticou a decisão do presidente dos Estados Unidos de emitir um decreto nesta quarta -feira (25/01) que destina verbas federais para a construção de um muro na fronteira com o México, uma das promessas mais controversas do republicano.

"Lamento e reprovo a decisão dos Estados Unidos de continuar a construção de um muro que, há anos, em lugar de nos unir, nos divide. O México não acredita em muros. Já disse várias vezes, o México não pagará nenhum muro", afirmou em um vídeo divulgado nesta quarta-feira.

O decreto também estabelece a criação de novos centros de detenção para migrantes não autorizados na fronteira entre os dois países e a reativação de um programa federal para agilizar deportações.

O porta-voz de Trump, Sean Spicer, havia confirmado no domingo (22/01) que Peña Nieto visitaria a Casa Branca para se reunir com Trump no dia 31 de janeiro para debater assuntos relacionados a "comércio, imigração e segurança”. No entanto, com o cancelamento, Spicer afirmou que uma nova data será marcada mais adiante.

"Buscaremos uma data para marcar algo no futuro. Manteremos as linhas de comunicação abertas", disse a jornalistas o porta-voz da Casa Branca após a decisão de Peña Nieto de suspender a viagem.

Congresso dos EUA estima que muro custará de US$ 12 bilhões a US$ 15 bilhões

Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, divulgou nesta quinta-feira (26/01) que o Congresso dos Estados Unidos estima o custo com a construção do muro entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões, quase o dobro do valor projetado por Trump durante sua campanha eleitoral, US$ 8 bilhões.

"Sentimos que temos uma obrigação de cumprir com os compromissos feitos durante a campanha eleitoral", disse Paul Ryan, republicano presidente da Câmara dos Representantes.

Por outro lado, um estudo do Bernstein Research publicado em julho pela revista The Economist avaliou que a conta total se situaria entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões para os 2.000 quilômetros de barreiras que ainda precisariam ser construídos na fronteira entre os dois países.

Edição: ---