Paraná

Transporte público

População fará novo protesto contra aumento de 15% da tarifa em Curitiba

Na campanha, Greca prometeu “rever os contratos do transporte coletivo para chegar ao valor mais correto possível”

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
A primeira manifestação ocorreu no dia 6 e terminou com repressão policial e oito pessoas detidas
A primeira manifestação ocorreu no dia 6 e terminou com repressão policial e oito pessoas detidas - Gabriel Dietrich

O prefeito Rafael Greca (PMN) autorizou, logo no segundo mês de mandato, um aumento de 15% na tarifa do ônibus em Curitiba. O reajuste de R$ 3,70 para R$ 4,25 foi anunciado com apenas quatro dias de antecedência. A população reagiu imediatamente e organizou um protesto no mesmo dia do aumento (6). O próximo ato será na sexta (10), às 17h30, na praça Santos Andrade.

Os manifestantes questionam a falta de transparência da Prefeitura e das empresas de transporte, que não divulgaram uma planilha de custos clara e atualizada que justificasse um aumento tão expressivo no preço da passagem – mais que o dobro da inflação de 2016.

O estudante Carlos Rauan Gonzaga da Silva chegou de Cascavel há dois meses e saiu às ruas para protestar contra o aumento. Para ele, a mudança significa R$ 40,00 a mais por mês em gastos com transporte. Carlos mora no Bom Retiro, trabalha no Centro e vai estudar no campus Politécnico. "Como ainda não estou bem estabelecido na cidade, qualquer aumento impacta bastante no meu orçamento", lamenta.

Outro prejuízo para a população é a perda do desconto na tarifa aos domingos: "Quem mora longe, não vai vir mais para o Centro. Vai custar R$ 8,50, só para ir e voltar para casa", afirma a professora Carolina Maria. Outra manifestante, Tamara Alves, analisa: "Isso não só impacta materialmente nas nossas vidas, mas é muito simbólico para a gente pensar que tipo de governo o Greca vai fazer na Prefeitura".

Os protestos são convocados pelos movimentos CWB Resiste e Frente de Luta Pelo Transporte. No dia 6, a polícia usou bombas de gás e balas de borracha para reprimir os manifestantes. Segundo informações do advogado Vitor Leme, que está acompanhando o caso, das doze pessoas detidas, três foram liberadas somente após pagamento de fiança.

Greca descumpre duas promessas de uma só vez

Em um vídeo de campanha, o então candidato Rafael Greca garantiu que a tarifa seria “justa e social”. Para isso, ele prometeu “rever os contratos de transporte coletivo para chegar no valor mais correto possível”. Mas, na primeira oportunidade, não hesitou em aumentar o preço da passagem. Em pronunciamento na Câmara Municipal, na semana passada, o prefeito “culpou” a reposição salarial dos trabalhadores: “É imperioso que [a tarifa] suba, porque tem um reajuste salarial de cobradores e de motoristas”.

No ano passado, quando o preço passou de R$ 3,30 para R$ 3,70, o professor Lafaiete Neves, pesquisador na área de transporte público, explicou que os parâmetros que justificam o aumento estão superfaturados. “Eles foram constituídos em meados dos anos 1980. Combustível e peças, por exemplo, que representam 15% do valor da tarifa, sofreram inovações tecnológicas, mas não foram atualizados”.

Ao descumprir duas promessas de campanha de uma só vez, Greca mantém o cartel das empresas de ônibus e pune o trabalhador que anda de ônibus em Curitiba. 

 

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