Ecologia

Seminário em Montes Claros discute impactos da mineração em Minas Gerais

Organizado pela Igreja católica, evento contou com participação de bispos e movimentos populares da região

Januária (MG) |
No seminário, foi apresentado um panorama da exploração mineral nas regiões Norte e Noroeste do estado
No seminário, foi apresentado um panorama da exploração mineral nas regiões Norte e Noroeste do estado - Myrlene Pereira

A Arquidiocese de Montes Claros, em conjunto com as Dioceses de Januária, Janaúba e Paracatu, realizou, no último sábado (18) o I Seminário Igreja, Mineração e Laicato - Impactos Sociais no Norte e Noroeste de Minas, em Montes Claros.

“Como Igreja, não podemos nos alienar daquilo que não seja vida, precisamos analisar bem para procurar entender e impedir os mecanismos de morte. O Concílio Vaticano II apresenta documentos que reafirmam isso”, contextualiza o bispo da cidade, Dom José Alberto Moura. “A mineração é uma realidade que está aí e dissemina a morte. A concentração de riquezas nas mãos de poucos faz com que haja muita injustiça”, pontua.

No seminário, foi apresentado um panorama da exploração mineral nas regiões Norte e Noroeste do estado, onde há prevalência do minério de ferro, ouro e areia. Essa exploração impacta diretamente as águas - que já são escassas, por se tratar de região semiárida – a qualidade do ar, a diversidade biológica, além de grande erosão e diminuição da vida aquática do Rio São Francisco.

O assessor Frei Rodrigo, da Comissão Justiça e Paz apontou as contradições de uma economia baseada no neoxtrativismo, que tem dizimado formas de vida tradicionais e a biodiversidade natural em favor do lucro de poucos. Para ele, é importante repensar a concepção de mundo, desfazendo a visão capitalista em que tudo pode se tornar mercadoria para suprir supostas necessidades de consumo. Ele defende uma “conversão ecológica”, na qual o ser humano deve ser colocado como parte da natureza e não como superior a ela.

Propostas

Os presentes no seminário se comprometeram em retomar o trabalho de formação base, a partir de um olhar inter-religioso e cultural. Outra proposta foi aproveitar o tema da Campanha da Fraternidade 2017 - “Cultivar e guardar a criação” - para fazer essa discussão junto com as comunidades atingidas e aquelas em que existe potencial.

Participaram do seminário representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas Diocesanas de Januária e Paracatu, outras pastorais sociais e membros do clero, movimentos populares como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Movimento Geraizeiro, sindicatos, quilombolas e agricultores familiares.

Edição: Joana Tavares