Violência

Frei Gilberto é ameaçado de morte e recebe solidariedade de organizações e movimentos

Ele foi abordado por um homem armado que o ameaçou devido aos seus posicionamentos contrários às mineradoras da região

MAM |
Em outubro de 2016, a comunidade de Belisário se manifestou contra a expansão da mineração na região
Em outubro de 2016, a comunidade de Belisário se manifestou contra a expansão da mineração na região - MAM

Mais de 70 organizações, movimentos sociais, populares e sindicais assinam nota em solidariedade ao Frei Gilberto Teixeira que foi ameaçado de morte no último dia 19 de fevereiro, em razão de sua atuação contrária a ampliação dos projetos de mineração de bauxita na da Serra do Brigadeiro em Minas Gerais, distrito de Belisário (Muriaé-MG).

Após a celebração de uma missa, Frei Gilberto, franciscano da Fraternidade Santa Maria dos Anjos e responsável pela Paróquia de Belisário, foi abordado por um homem armado que o ameaçou devido aos seus posicionamentos contrários aos projetos das mineradoras na região.

As organizações signatárias da Nota de Solidariedade repudiam a ameaça e exigem dos órgãos “a garantia de segurança à vida e do direito de lutar pelas causas coletivas. Ao mesmo tempo expressamos nosso total apoio e solidariedade ao companheiro Frei Gilberto e aos sujeitos que se dedicam na luta em defesa do território da Serra do Brigadeiro contra os interesses do capital mineral na região”. Confira a Nota completa abaixo.

A região da Serra do Brigadeiro, situada na Zona da Mata de Minas Gerais, é conhecida nacionalmente por sua rica biodiversidade, amplas áreas preservadas de mata atlântica, belezas naturais e uma agricultura familiar e camponesa consolidada com forte matriz agroecológica. Além disso, a região abriga a segunda maior reserva de bauxita do país, o que despertou, desde a década de 80, o interesse de mineradoras em explorar as jazidas minerais objetivando o lucro sem se importar com as consequências nefastas da mineração na região.

Há 20 anos as comunidades e organizações populares do entorno da Serra do Brigadeiro se mobilizam contrárias aos impactos ambientais e sociais gerados pela mineração de bauxita na região, que tem à frente a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), pertencente ao grupo Votorantim.

Nos últimos meses a luta histórica das comunidades se intensificou, principalmente em razão dos projetos que preveem a ampliação da mineração no distrito de Belisário. Essa luta, que é fruto da articulação de vários movimentos, conta com o apoio de Frei Gilberto Teixeira, padre da Paróquia de Belisário.

“O atentado contra o companheiro Frei Gilberto, um padre que se coloca de forma abnegada em defender os direitos das comunidades e construir um projeto justo e sustentável no território da Serra do Brigadeiro, é um sintoma claro de que nossa articulação e lutas contra o capital mineral na região tem avançado de forma acertada. Este episódio, ao invés de nos amedrontar ou enfraquecer, fortalece nossa convicção e certeza de que devemos intensificar a luta pela consolidação da Serra do Brigadeiro como um território livre de mineração”, ressalta Luiz Paulo, da coordenação estadual do MAM – Movimento pela Soberania Popular na Mineração, em Minas Gerais.

Em setembro de 2016, a comunidade de Belisário realizou uma Assembleia Popular que debateu os impactos da mineração de bauxita na região, no mês seguinte um ato com a participação de moradores do Distrito reafirmou os anseios da comunidade com a palavra de ordem: Mineração? Aqui Não!

América Latina

A ameaça sofrida por Frei Gilberto Teixeira é retrato do cenário vulnerável das pessoas que atuam em defesa dos direitos humanos. Desde o início de 2017, 14 pessoas defensoras dos direitos humanos foram assassinadas na América Latina. A denúncia é da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos – OEA, que emitiu um comunicado no dia 7 de fevereiro para alertar sobre os números. No informe, a entidade “reitera sua preocupação pelas pessoas defensoras dos direitos à terra e aos recursos naturais, e as pessoas defensoras indígenas e afrodescendentes que continuam enfrentando grandes riscos de violência”.

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