Festa

Mais de 70 blocos protestam no carnaval de São Paulo

Grupos fazem desfile político contra mudanças no carnaval de rua da cidade

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Arrastão do Blocos contra o impeachment em 2016
Arrastão do Blocos contra o impeachment em 2016 - Divulgação

Se os blocos de carnaval de rua de São Paulo assumiram um papel importante nos últimos anos, ocupando o espaço público e revertendo a visão que se tinha sobre a festa na cidade, neste ano eles marcam posição também no âmbito político. Blocos populares e tradicionais como Vai Quem Qué, Bloco da Abolição, Jegue Elétrico e Ilú Obá de Min, articulados através do Arrastão dos Blocos, protestam juntos contra possíveis mudanças no carnaval de rua da cidade.  

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O Arrastão reúne mais de 70 blocos de carnaval da capital paulista. A articulação se iniciou pela primeira vez em abril de 2016 para defender a democracia e protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Em 2017, voltam às ruas utilizando a música para defender a própria festa. 

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"A gente fez alguns desfiles contra o golpe em uma grande festa na rua cantando músicas contra o Temer, o Cunha e com o intuito de fazer uma conscientização política por outra via. Depois que o golpe se consolidou, o Arrastão continuou mobilizado, mas mudou um pouco o caráter dessa luta política e nos voltamos para nossas premissas do carnaval de rua mesmo: que é a garantia de poder pular o carnaval livremente, pelo direito da ocupação do espaço público". diz Paula Klein integrante do bloco Agora Vai.

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Os blocos se preocupam com as políticas culturais da gestão de João Doria (PSDB) na cidade, principalmente com a possibilidade de privatização do carnaval de rua. "Temos um princípio muito importante de que não se pode privatizar a rua. Não pode usar cordão, abadá, qualquer coisa que exclua pessoas. A gente quer continuar fazendo um carnaval de rua livre, democrático, plural, aberto, gratuito, sem interesses, não importa o que aconteça", afirma Lira Alli, do bloco Vai Quem Qué.

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Segundo Alli, a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) estabeleceu diálogo com os blocos e fez crescer o carnaval de rua da cidade. Para ela, as recentes declarações do atual secretário de Cultura André Sturm, que afirmou que o carnaval de rua deveria estar na Secretaria de Turismo, são preocupantes.

Sturm fez outras afirmações sobre o carnaval de rua paulistano. Em entrevista, afirmou que "o carnaval de rua é um bom exemplo da crise de um conceito que é a cidadania. Porque cidadania virou sinônimo de: 'eu tenho direito', quando cidadania é 'eu tenho dever'". A declaração foi dada ao site BBC Brasil

"Na verdade, o que a gente pede para a prefeitura é o apoio com banheiro químico, ambulância e CET. Não é muita coisa. Não é a prefeitura que executa o carnaval. Quem faz são os blocos livremente organizados. A gente sabe que o carnaval desse ano já tinha muita coisa que estava organizada ano passado, mas existem algumas perspectivas de que isso mude na atual gestão", lamenta Lira.

 

 

Edição: Rafael Tatemoto