Direitos reprodutivos

Fundo de apoio para aborto seguro será criado por articulação de mais de 40 países

Iniciativa ocorre após Trump anunciar cortes de financiamento a uma série de agência internacionais

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Lilianne Ploumen, defensora da proposta e ministra de Comércio e Cooperação Internacional da Holanda -- país que propôs a criação do fundo
Lilianne Ploumen, defensora da proposta e ministra de Comércio e Cooperação Internacional da Holanda -- país que propôs a criação do fundo - WikiCommons

Representantes de mais de 40 países se reúnem nesta quinta-feira (2) para discutir a criação de um fundo internacional de apoio ao aborto seguro e ao acesso a contraceptivos em países em desenvolvimento. O encontro ocorre em Bruxelas, na Bélgica.

A proposta é uma resposta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que cortou o financiamento estadunidense a uma série de agência internacionais que patrocinavam políticas públicas relacionadas a essas temáticas. O objetivo é compensar o corte de US$ 600 milhões.

A ideia de criação de um fundo internacional partiu da Holanda. “Proibir o aborto não significa que menos abortos serão realizados”, declarou em janeiro, através de comunicado, a ministra de Comércio e Cooperação Internacional da Holanda, Lilianne Ploumen. “[A proibição] leva a mais práticas irresponsáveis em lugares insalubres e a mais mortes maternas”, argumentou.

Ploumen mostrou entusiasmo em relação à adesão ao fundo. “É fantástico que tantos países mostrem seu compromisso com mulheres e meninas, que agora provavelmente já não terão acesso à educação sexual, à anticoncepcionais, ao cuidado na maternidade ou ao aborto seguro", afirmou.

Participação

Além de representantes governamentais - representando países africanos, europeus e asiáticos - estarão presentes ONGs, fundações privadas e empresas. A Holanda já se comprometeu a doar de milhões de euros ao fundo.

A medida de Trump não é nova, já tendo sido aplicada por outros governos republicanos, como o de Reagan e os dos Bush. Ela exige que organizações financiadas pelos EUA provem que não realizam abortos ou que não apresentem a prática como parte do planejamento familiar.

O cruzamento de dados de diferentes entidades, incluindo os da Organização Mundial da Saúde, apontam que o corte resultará em 6,5 milhões de gravidezes não desejadas, mais de dois milhões de abortos inseguros e mais de 20 mil mortes de mães jovens ao longo dos próximos quatro anos.

Edição: Camila Rodrigues da Silva