Minas Gerais

DESIGUALDADE

Desafios para implantar futebol feminino nos clubes de Minas Gerais

Atletas precisam de emprego paralelo para o sustento

Belo Horizonte |
Em Minas, somente o América Futebol Clube possui um time profissional feminino, criado em 2015
Em Minas, somente o América Futebol Clube possui um time profissional feminino, criado em 2015 - Reprodução / América

No fim do ano passado, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) publicou seu mais recente estatuto e o regulamento de licença de clubes. Entre as novas regras, passa a ser obrigatória a criação de um time feminino em todas as equipes que disputem a Libertadores ou a Sul-Americana até 2019. Até lá, os clubes que não se adequarem às novas exigências receberão punições que podem ir de multas até a exclusão da equipe masculina das competições. 

O Cruzeiro, segundo o diretor de comunicação Guilherme Mendes, está em fase de análise e estuda a possibilidade de realizar uma parceria com uma equipe feminina já existente. O Atlético afirmou que ainda não elaborou uma estratégia, mas já iniciou as discussões sobre a viabilidade de uma equipe feminina até o prazo final. 

Em Minas, somente o América Futebol Clube possui um time profissional feminino, criado em 2015. A equipe disputa o bicampeonato da Copa BH e, em maio, iniciará o Campeonato Brasileiro A-2.

Onde tem, ainda é difícil

Mesmo em uma equipe profissional, viver de futebol ainda é um desafio para as mulheres. A zagueira do América, Fernanda Brito, mais conhecida como Nandão, revela que, para compor a renda, concilia com os treinos e jogos um negócio de festas. Com uma carreira de mais de oito anos de futebol, essa é a primeira vez em que ela joga profissionalmente. 

“Muitas jogadoras precisam trabalhar por fora, o que dificulta. Não é todo time que paga salário, alimentação e passagem. O América é o único. Espero que ele, sendo pioneiro, consiga fazer com que as atletas do estado sejam mais valorizadas”, comenta. Para ela, as novas regras da Conmebol são necessárias para avançar na igualdade de gênero, mas vão gerar resultado apenas em 2019. “Porque é obrigatório”, conclui.

Os clubes também enfrentam dificuldades para manter as equipes femininas em funcionamento. “Não há interesse do mercado em patrocinar essas equipes, não há projetos de incentivo. Não tenho conhecimento de nenhuma cidade com equipe de alto rendimento financiada pelo poder público”, afirma Bárbara Fonseca, assessora especial de futebol feminino do América.

Edição: Joana Tavares