CINEMA NACIONAL

Com muita poesia, filme nacional retrata o interior de Minas Gerais

Filmado na Zona da Mata mineira, “A Família Dionti” mescla realidade, fantasia e sonho

Belo Horizonte |
Ganhador de cinco prêmios, filme entra em cartaz em abril em todo o país
Ganhador de cinco prêmios, filme entra em cartaz em abril em todo o país - Fotos: Divulgação

Mineiridade, poesia e realismo fantástico são, sem dúvida, os elos fortes do filme “A Família Dionti”, que pré-estreou em Belo Horizonte neste sábado (18). O longa, ambientado na Zona da Mata mineira, conta a história de Kelton (Murilo Quirino), seu pai Josué (Antonio Edson) e seu irmão Serino (Bernardo Santos) que juntos vivem em uma casa simples no meio da roça.

Trabalhador de uma olaria, Josué espera há tempos que sua esposa volte com as chuvas fortes, porque ela se foi, “virou água”. Os meninos vão à escola de bicicleta, o mais velho trabalha e o mais novo, Kelton, adora jogar futebol com seus grandes bonecos de pano. Até que um dia, um circo chega à vila e traz Sofia (Anna Luiza Marques), uma menina forte e cheia de assuntos para contar. É por Sofia que Kelton desenvolve os mesmos sintomas da mãe e começa a se derreter. Literalmente, virar água.

Altamente preenchido com metáforas, a “A Família Dionti” é uma reflexão filosófica da vida, do cotidiano, da morte, da inexistência, ainda que o realismo fantástico perpasse toda a narrativa. “A grande qualidade do filme é a delicadeza”, afirma o ator Antônio Edson.

Com referências no poeta Manoel de Barros e no escritor Guimarães Rosa, o diretor e roteirista Alan Minas “transita entre realidade, fantasia e sonho sem, necessariamente, determinar limites”, como ele mesmo descreve, e consegue traçar um roteiro que permite brechas para a interpretação do público. “Cada vez que você deixa algumas portas abertas deixa espaço para o telespectador entrar”, comenta Alan.

Minas são muitas

Elisa Almeida assistiu à sessão e saiu encantada com a produção. “Apesar de o diretor ser carioca, ou talvez por isso mesmo, acho que ele entrou na questão da mineiridade de uma forma muito verdadeira. E tem muita poesia. Captar essa poesia do mineiro tem a ver com o tempo, com esse tempo lento, de falar uma frase e parar um pouquinho. E isso me emociona”, afirma.

Além da forma de falar dos personagens, a cultura mineira aparece na música, na fotografia e nos hábitos do interior, expressa em cenas como a que Josué vai fazer compras em uma mercearia na vila. Alan conta que os locais escolhidos – as cidades de Cataguases, Guiricema, Leopoldina, Recreio e Muriaé – interferiram na composição dos roteiros. “É difícil construir essa verossimilhança [na retratação do universo local] no realismo fantástico. Contei com o trabalho conjunto”, conta.

Murilo Quirino explica que durante os quatro meses de ensaio e estudo do roteiro, o elenco ajudou Alan a entender mais sobre a cultura mineira. “Por exemplo, gírias que ele trazia que a gente não fala. Aí a gente ia dando elementos pra ele, sobre o nosso jeito de falar, a nossa velocidade de falar. Então teve bastante troca”, conta o ator.

Em breve, nas salas de cinema

Ganhador de cinco prêmios em festivais nacionais e internacionais, “A Família Dionti” estreia em cinemas mineiros no dia 30 de março. Em 13 de abril, o longa chega às salas de cinema de todo o país. Mais informações, clique aqui

Edição: Joana Tavares