CONFLITO AGRÁRIO

Comissão Pastoral da Terra denuncia violência contra trabalhadores rurais no Pará

Dois casos de violência contra trabalhadores foram registrados no Estado em menos de uma semana

Radioagência Nacional |

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O Massacre de Eldorado do Carajás, em 1996 no Pará, ainda é um símbolo da violência no campo
O Massacre de Eldorado do Carajás, em 1996 no Pará, ainda é um símbolo da violência no campo - Cezar Magalhães

Em menos de uma semana, o Pará registrou dois casos envolvendo violência contra trabalhadores rurais. Em um deles, a vítima foi um assentado rural, em Eldorado dos Carajás. Waldomiro Costa levou três tiros dentro de sua propriedade e foi levado ao Hospital Geral de Parauapebas. Dois dias depois, foi executado com oito tiros dentro da unidade de saúde.

Na outra ocorrência, dois irmãos, moradores do assentamento Serra Azul, no município de Monte Alegre, foram vítimas de uma emboscada. Um dos homens foi atingindo pelos tiros no braço e no tórax. Ele não corre risco de morte, mas ainda está hospitalizado.

O assentamento Serra Azul é denominado pelo Incra como Projeto de Desenvolvimento Sustentável, PDS. Gilson Rego da coordenação do CPT no Pará lembra que grileiros atuam no local antes mesmo da criação do PDS, em 2007.

Sonora: “Como não foi retirado a presença desses grileiros, eles acabaram de certa fora controlando e amedrontando os comunitários. E a partir disso muita violência foi provocada. Então, tem um grupo que tá na região, que ocupa lá e que através dos seus pistoleiros, das pessoas que eles contratam fazem esse processo de ameaça, intimidação e até de atentado.”

De acordo com a CPT, os moradores convivem com o medo diário. E, além dos crimes contra as pessoas, os grileiros têm cometido vários ilícitos ambientais, como a derrubada da floresta para transformar em pasto ou apenas para descaracterizar o PDS. O grupo tenta cancelar o projeto para poder regularizar as áreas griladas.

A Polícia Civil paraense investiga as duas ocorrências, mas ainda não conseguiu identificar nem os autores, nem as motivações dos crimes.

Para a Defensora Pública do Núcleo das Defensorias Agrárias, Andreia Barreto, a impunidade contribui para a continuidade dos conflitos.

Segundo levantamento da CPT, ano passado, seis pessoas morreram em decorrência de conflitos agrários no Pará.

Edição: Radioagência Nacional