Feminismo

Livro "A Nova Mulher e a Moral Sexual" é relançado pela editora Expressão Popular

Obra de Alexandra Kolontai é um marco para feministas socialistas; reedição comemora centenário da Revolução Russa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Kollontai (1872-1952) elaborou leis sobre os direitos da mulher e promoveu debates sobre divórcio, aborto e equiparação salarial
Kollontai (1872-1952) elaborou leis sobre os direitos da mulher e promoveu debates sobre divórcio, aborto e equiparação salarial - Reprodução

Em comemoração ao centenário da Revolução Russa, a editora Expressão Popular relança o livro A Nova Mulher e a Moral Sexual, da escritora russa Alexandra Kollontai. Para marcar a republicação, será realizado, nesta terça-feira (28), em São Paulo, um debate com a socióloga Tatau Godinho, autora da introdução da obra.   

De acordo com Godinho, por muitos anos, os textos de Kollontai foram "inspiração e leitura obrigatória para as feministas socialistas, mulheres e homens que buscam uma ética libertária nas relações afetivas e pessoais". 

A pesquisadora, que integra a Marcha Mundial de Mulheres, ressalta a atualidade da escritora russa para o tema da participação política das mulheres. "Kollontai discute, em outros termos, temas que só serão retomados com fôlego na esquerda a partir da década de 1960, pelas mãos do feminismo", escreveu na introdução da obra. Segundo ela, reeditar o livro é "renovar a esperança nesse projeto".

Quem foi Alessandra Kolontai

Kollontai foi nomeada ao Comissariado da Assistência Social após a instauração do Estado socialista em 1917. Foi a única mulher a ocupar um cargo no primeiro escalão do governo após a revolução. Ela elaborou leis sobre os direitos da mulher e promoveu debates sobre divórcio, aborto e equiparação salarial.

"Um desafio constante no trabalho de Alexandra Kollontai foi tentar convencer seus companheiros de luta revolucionária de que a mudança nas questões da vida privada, do comportamento, da sexualidade e do amor eram parte imprescindível das responsabilidades da revolução", diz Godinho no texto de abertura do livro reeditado.

A escritora nasceu em 1872 em uma família nobre e latifundiária ucraniana. Seu pai, Mikhail Domontovich, era general do czar. Casou-se aos 20 anos com um oficial do Exército russo, Vladimir Mikhailovich Kollontai, com quem teve um filho. Como autodidata, estudou correntes do pensamento marxista.

Em 1908, foi perseguida por sua atividade política e fugiu para o exterior onde permaneceu em exílio até a revolução de 1917. Durante esse período, Alexandra militou em defesa do socialismo e da luta das mulheres em vários países. Ao regressar à Rússia, editou o jornal A Operária e organizou o 1º Congresso das Mulheres Operárias.

A Nova Mulher e a Moral Sexual é composto por dois textos. O primeiro, escrito em 1918, apresenta uma crítica à situação da mulher na sociedade burguesa, comprimida por um código moral em que a propriedade privada era prioridade. Já o segundo artigo, de 1921, Kollontai trata da necessidade de uma reorientação no comportamento do homem e da mulher na nova estrutura social que surge a partir da revolução bolchevique. O livro pode ser adquirido online pela loja da Expressão Popular.

O evento de relançamento do livro ocorre nesta terça-feira (28) a partir das 19h na sede da Livraria da Editora Expressão Popular, que fica na Rua Abolição, 201, próximo ao Metrô Liberdade, na capital paulista.

Serviço

A Nova Mulher e a Moral Sexual

Autora: Alexandra Kollontai

Número de páginas: 148

Editora: Expressão Popular

Preço: R$22,00

*Atualizada às 17h55 para correção de informação

Edição: Vanessa Martina Silva