Ahmed Kathrada, companheiro de prisão de Nelson Mandela e da luta contra o apartheid na África do Sul, morreu nesta terça-feira (28) em Johannesburgo aos 87 anos de idade.
“A Fundação Ahmed Kathrada anuncia com tristeza a morte do veterano do ANC [sigla em inglês para Congresso Nacional Africano] Ahmed Kathrada, de 87 anos, esta manhã no hospital Donald Gordon de Johannesburgo”, informou a organização, acrescentando que ele morreu “em paz” em decorrência de complicações de uma cirurgia no cérebro.
Veterano da luta contra o apartheid e companheiro de cela de Nelson Mandela na prisão de Robben Island, Kathrada foi membro do primeiro círculo de dirigentes históricos do ANC.
Militante também do Partido Comunista Sul-Africano (SACP), Kathrada foi condenado à prisão perpétua em 1964 ao lado de Mandela e de outros ativistas por suas atividades contra o regime segregacionista sul-africano.
Kathrada foi liberado junto a seus companheiros de prisão em 1989, quando o regime segregacionista iniciou as negociações com o ANC que levaram à queda do apartheid e às primeiras eleições livres do país, em 1994, em que Mandela foi eleito presidente e Kathrada conseguiu um assento no Parlamento.
Membro da minoria indiana do país e de religião muçulmana, Kathrada se envolveu depois em várias campanhas de apoio ao povo palestino, e iniciou desde a fundação que leva seu nome vários projetos pela justiça social e contra o racismo.
“É uma grande perda para o ANC e para o movimento de libertação e para a África do Sul em geral”, lamentou o diretor da fundação, Neeshan Balton.
“O camarada ‘Kathy’ era uma alma boa, humano e humilde”, afirmou Derek Hanekom, também companheiro de luta antiapartheid e membro da fundação. “Era um revolucionário determinado, que dedicou sua vida ao combate pela liberdade em nosso país.”
Ahmed Kathrada nasceu em 21 de agosto de 1929 em uma pequena cidade na então província de Transvaal ocidental, em uma família de imigrantes indianos.
Deixou a escola aos 17 anos de idade para participar da luta contra o apartheid, e em 1963 foi detido junto com Nelson Mandela e outros membros do ANC e acusado de sabotagem contra o regime.
Em 1964, foi condenado à prisão perpétua, e saiu da prisão de Robben Island 26 anos depois.
Ahmed Kathrada se retirou da política em 1999 e desde então dirigia a fundação que leva seu nome.
Ele era o guia habitual que utilizava a Fundação Mandela para mostrar a seus convidados a prisão de Robben Island, onde se encontra a pequena cela onde viveu Nelson Mandela.
Desmond Tutu, Nobel da Paz e ativista contra o apartheid, elogiou a "modéstia" e "humildade" de Kathrada, a quem definiu como um líder "da mais alta integridade moral", e destacou seu compromisso com a justiça acima das divisões raciais.
*Com Agência Efe.
Publicado originalmente no Opera Mundi.
Edição: Opera Mundi
