HOMENAGEM

Claudia Santiago Giannotti é homenageada com a medalha Chiquinha Gonzaga, no Rio

Jornalista, historiadora e coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) recebe a comenda nesta quinta-feira

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Nos anos 1990,  Claudia participou da fundação do NPC onde se dedicou ao desenvolvimento prático e teórico da comunicação popular
Nos anos 1990, Claudia participou da fundação do NPC onde se dedicou ao desenvolvimento prático e teórico da comunicação popular - Divulgação

Claudia Santiago Giannotti é uma das referências de resistência entre a esquerda do Rio de Janeiro. Nascida em 1962, Claudia é carioca, jornalista e historiadora. Nos anos 1990, participou da fundação do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), onde se dedicou ao desenvolvimento prático e teórico da comunicação popular, voltada à classe trabalhadora, e também manteve seu compromisso com a luta pela democratização da comunicação.

Após mais de 35 anos de trabalho, Claudia será homenageada com a medalha Chiquinha Gonzaga, nesta quinta-feira (30), às 18h, no Espaço Plínio, na Lapa, no Rio de Janeiro. Durante o evento, organizado pelo mandato do vereador Renato Cinco (Psol), a jornalista falará sobre a luta das mulheres ao longo da história e a origem socialista do “Dia Internacional da Mulher”.

“Entregar a medalha a Claudia é reconhecer o seu trabalho na formação e organização das mulheres que atuam em diferentes movimentos, e especialmente daquelas de origem mais humilde que vivem em situações mais difíceis, colaborando para transformá-las sujeitas sociais que falam e dão voz a muitas e muitos outros através da comunicação e da luta. Mais do que isso, é homenagear as mulheres socialistas, que fizeram e fazem história no mundo”, afirma vereador Renato Cinco.

Ao longo da carreira, Claudia trabalhou como jornalista sindical. Já no NPC, ao lado do seu companheiro, o comunicador popular Vito Giannotti, ela produziu jornais, revistas, escreveu e editou livros e agendas. Organizou ainda diversos cursos de formação na área de comunicação e contribuiu com a formação de uma legião de comunicadoras e comunicadores populares no Brasil. Claudia militou e, ainda milita, pela comunicação e também pela memória da história de luta das mulheres.

Em 1996, Claudia e Vito se dedicaram a uma intensa pesquisa sobre a resistência das mulheres que deu origem à cartilha “A origem socialista do dia da mulher”. A publicação resgata a trajetória da greve das tecelãs em São Petersburgo, iniciada no dia 8 de março de 1917, que daria origem a Revolução Russa. A partir desse episódio a data se espalhou por vários países e ganhou força.

“Com o tempo, o capitalismo se apropria dessa data e apresenta outras versões. O dia da mulher se tornou outro dia das mães e outro dia dos namorados, em que ganhamos flores e uma massagem de graça. Estamos em um momento em que precisamos urgentemente chamar atenção para isso. Em meio ao risco da reforma da Previdência, o 8 de março tem uma função muito séria porque as mulheres são as que mais perdem”, acrescenta Claudia.

Para Sheila Jacob, jornalista do NPC, Claudia merece a medalha não só por trabalhar para relembrar a história de luta das mulheres, mas também por ser uma mulher lutadora. “Em seu trabalho há uma preocupação constante de resgatar o nome de mulheres que fizeram história, mas que não aparecem por não terem seus nomes divulgados como os dos homens. Para mim é um privilégio enorme trabalhar com uma pessoa desse tamanho, uma referência política, referência de atuação no dia a dia, referência de dedicação à luta. Ela não divide a vida pessoal e militância porque a vida dela se constrói na militância. Quando crescer quero ser igual a ela”, declara.

De acordo com Guilherme Marques, assessor parlamentar do vereador Renato Cinco, o nome de Cláudia apareceu como indicação para a medalha durante reunião do mandato, sem que precisassem fazer grande esforço para lembrar.  “Ela é tão grande do ponto de vista político e também pessoal. É uma pessoa que se relaciona bem com diferentes setores da luta social carioca, dos mais radicais aos mais conformados. Estava mais do que na hora do seu trabalho ser reconhecido”, argumenta.

No entanto, Claudia garante que a medalha não é só sua. “Essa homenagem é a mim, ao Vito e a todos os que compõem o NPC. Sou uma partezinha do trabalho que foi feito pelo Núcleo no Rio e também no Brasil. Estou muito feliz em representar todos eles”, conclui.

A medalha de reconhecimento Chiquinha Gonzaga é conferida a personalidades femininas que tenham se destacado em prol das causas democráticas, humanitárias, artísticas e culturais no âmbito da União, Estados e Municípios.

Edição: Vivian Virissimo