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Trabalhadoras dos serviços gerais do SUS estão com salários e benefícios atrasados

Além da falta de pagamento, funcionárias enfrentam sobrecarga e péssimas condições de trabalho

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Além dos honorários não pagos, trabalhadoras cumprem as funções sem supervisão e muitas vezes têm que limpar, sozinhas, toda uma unidade
Além dos honorários não pagos, trabalhadoras cumprem as funções sem supervisão e muitas vezes têm que limpar, sozinhas, toda uma unidade - Reprodução

Trabalhadoras terceirizadas dos serviços gerais do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital mineira vivem uma situação difícil. Após o contrato de prestação de serviço selado entre a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e a empresa Qualitécnica, que ficou responsável por arcar com os direitos das funcionárias, elas não recebem regularmente o salário, ticket alimentação e nem vale transporte. 

Uma reunião foi realizada no prédio do Conselho Municipal de Saúde (CMS), na manhã de quarta-feira (29), para buscar respostas dos responsáveis. Após a espera de uma hora, as trabalhadoras e membros do conselho tiveram que sair à procura dos representantes da prefeitura, que se encontravam no prédio. Com a intervenção, decidiram participar do encontro o gerente administrativo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Mário Lúcio Diniz, e o assessor de gabinete, Marcelo Azalim.

Durante a conversa, as trabalhadoras expuseram as graves situações que vivem no ambiente de trabalho. Além dos honorários não pagos, elas cumprem as funções sem supervisão e muitas vezes têm que limpar, sozinhas, toda uma unidade de saúde. Segundo os relatos, as auxiliares chegam até a atuar como copeiras. Também não estão sendo fornecidos materiais básicos de limpeza, como sabão e saco de lixo.

“A Qualitécnica assinou nossa carteira em 5 de maio de 2016. Desde então a gente vive esse absurdo. Com três meses de firma, o Ministério do Trabalho interviu para que a empresa pagasse o salário. Muitas das minhas companheiras faltam porque não podem arcar com a passagem. No serviço, chegamos até a fazer uma vaquinha para uma colega que não tinha o que comer em casa”, critica Marlene dos Santos Ribeiro, de 57 anos. 

Ela trabalha em um centro de recuperação de drogados que atende, diariamente, cerca de 60 pacientes. Tem que limpar banheiros, salas, cozinha e fazer café. Para suportar, criou um grupo de WhatsApp chamado “Guerreiras da Qualitécnica”, no qual as trabalhadoras consolam umas às outras.

Precarização

O contrato da PBH com a Qualitécnica vai completar 11 meses. Ele tem vigência de cinco anos, mas, de acordo com as respostas da secretaria, será cancelado. Passando de uma empresa para outra, as trabalhadoras seguem há anos sem férias. “Nós estamos diante de mais um exemplo de atrocidades, em função da terceirização”, declara o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Bruno Pedralva. 

Ele avalia também que, além fiscalizar a total ruptura com a Qualitécnica, o órgão irá atuar para garantir que os direitos das funcionárias sejam cumpridos. A ideia é que a PBH, como subsidiária, arque com os valores, já que a empresa responsável alega falência e impossibilidade de quitar as dívidas. “Que fique de alerta para o povo brasileiro. Esse modelo de trabalho só é bom para patrões”, continua Bruno.

Ficou acordado entre prefeitura e trabalhadoras o pagamento de tudo que está atrasado. Para viabilizar, a PBH realizará uma nova reunião na sexta (31) com o Ministério do Trabalho e a presença de sindicatos.

Da reunião, o conselho também listou as críticas para cobrar melhorias do executivo municipal.  

Edição: Joana Tavares