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A leitura é um gesto político e humano

Por meio da literatura, Paulo Venturelli busca despertar outra percepção do mundo

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
A biblioteca particular do escritor é um conhecido refúgio de jovens artistas, professores e pesquisadores
A biblioteca particular do escritor é um conhecido refúgio de jovens artistas, professores e pesquisadores - Divulgação

“Sou um franco atirador”. Esta é uma das falas comuns a quem conhece o escritor Paulo Venturelli, catarinense que vive em Curitiba desde os anos 1970.

Isso porque a versatilidade é marca dos seus trabalhos e da atuação como educador. Hoje, aos 65 anos, o escritor já publicou mais de vinte livros, entre romances, contos, poemas, estudos sobre literatura homoerótica e aventurou-se também pela literatura infantil-juvenil.

Mesmo sendo conhecido pela produção voltada ao público jovem, o escritor questiona a forma como esse tipo de literatura tornou-se refém do mercado, quando as editoras segmentam públicos por idade. Para Venturelli, o jovem precisa ter contato com todo o tipo de arte e de leitura.

Suas obras não foram escritas para somente para “crianças”. É o caso do livro recém-lançado “A Alma secreta dos passarinhos” (editora Olho de Vidro, 2017), inicialmente um conto para adultos. “Como pesquisador, eu ficava horrorizado com o que eu via: 90% da literatura infantil hoje é moralista, machista, feita para dar lições de moral às crianças”, critica.

“90% da literatura infantil hoje é moralista, machista, feita para dar lições de moral às crianças”, critica o escritor.

 

Professor aposentado da Universidade Federal do Paraná, Venturelli é conhecido por ter apaixonado alunos por onde passou. Ele também perdeu a conta de quantos projetos participou de incentivo à leitura em escolas públicas. Intelectual generoso, sua biblioteca particular, de 15 mil títulos, localizada no Bacacheri, é um conhecido refúgio de jovens artistas, professores e pesquisadores.

O compromisso e a preocupação com os trabalhadores também estão marcados na sua atuação. Ele mesmo, filho de operários têxteis de Brusque (SC), narrou parte dessa experiência no romance “Meu pai“. “Procuro sempre, por meio de tudo o que eu faço, interferir no outro para, dentro do possível, despertar outra percepção do mundo, saindo do consumismo”, define.

Principais livros
O Anjo Rouco
Visita à Baleia
Fantasmas de Caligem
Histórias sem Fôlego
Admirável Ovo Novo

Edição: Ednubia Ghisi