Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Cidades

BELO HORIZONTE

“Polícia à caça”: a história de quatro mulheres que questionaram a abordagem da PM

No domingo (9), batida policial envolveu 200 pessoas, na maioria negras, no Viaduto Santa Tereza

13.abr.2017 às 15h25
Belo Horizonte
Rafaella Dotta
Diferente de outros casos policiais, neste não há grandes contradições entre a versão da polícia e das pessoas detidas

Diferente de outros casos policiais, neste não há grandes contradições entre a versão da polícia e das pessoas detidas - Diferente de outros casos policiais, neste não há grandes contradições entre a versão da polícia e das pessoas detidas

A Polícia Militar realizou, na noite de 9 de abril (domingo), mais uma ação no viaduto Santa Tereza, no Centro de Belo Horizonte. Cerca de 200 jovens, em sua maioria negros, se reuniam no local quando a PM chegou, com cerca de 8 viaturas, e colocou os jovens nos muros para serem revistados. Uma jovem indignou-se com a violência com que os policiais os tratavam e perguntou os motivos da abordagem. “Eu sou cidadã, dona de direitos. Não vou encostar e nenhum policial vai colocar a mão em mim”, teria dito, conforme o Boletim de Ocorrência.

Ayana Omi Amorim de Oliveira, de 22 anos, foi imediatamente arrastada e detida pelos policiais militares, segundo mostram vídeos, e acusada de “crime de desobediência”. Quando Ayana passou a ser arrastada pelos policiais e estes usavam gás de pimenta contra pessoas próximas, outras três mulheres tentaram defendê-la, com palavras, e foram também algemadas e detidas. Romara Eleonora Lima, de 22 anos, Laryssa Pires Martins, de 18 anos, e Maria Clara Martins Gontijo, 18 anos, também foram fichadas por desobedecer ordens policiais.

Diferente de outros casos policiais, neste não há grandes contradições entre a versão da polícia e das pessoas detidas. Elas foram presas por questionarem e tentarem se defender da abordagem policial, que elas consideraram “violenta e racista” e os policiais consideraram “de rotina”.

Elas: a humilhação e a resistência

“É bom ressaltar que foram as mulheres que ficaram o tempo inteiro interrogando. Porque para os meninos negros a batida violenta já é ‘normal’, infelizmente”, lamenta Ayana. “O tratamento também foi agressivo porque os policiais viram que estávamos conscientes dos nossos direitos e deveres. Como eles não sabiam argumentar, a forma de nos calar foi nos algemando. Mas não deu muito certo… Eu continuei falando até ficar sem saliva”, diz.

Na delegacia, elas ficaram por mais de seis horas e o clima violento continuou, segundo relatam. Suelaine Teixeira de Araújo, advogada, foi até o órgão acompanhar o caso e foi surpreendida por mais um abuso policial. “Cheguei pela porta lateral da delegacia. O advogado que estava comigo entrou tranquilamente. Quando fui passar, um policial tomou meu celular violentamente e começou a vasculhar informações. Eu disse que era advogada e mostrei minha carteira da OAB. Ele reteve também a minha carteira”, relata. “Em toda a situação a única palavra que dirigiu a mim foi ‘vadia’”.

De acordo com o advogado e integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Daniel Deslandes, o policial poderá ser enquadrado no artigo 10º da Lei 9296, como interceptação de comunicação telefônica ilegal, em processo movido pela OAB. “Eles vão aprender a respeitar advogado”, afirma.

Polícia que caça e polícia que protege

“Para nós fica uma ferida. Além da agressão física, fica algo interno. Já tem dois dias que eu estou sem dormir e comer direito. Estou com a cabeça saturada”, desabafa Ayana. Ela foi vítima de outro caso de preconceito em dezembro, quando dois meninos negros, ela e uma amiga foram discriminados e expulsos por funcionários do Shopping Cidade, situação que também repercutiu na mídia.

Para a ativista do movimento Hip Hop Polly Honorato, a situação mostra que a polícia possui diferentes objetivos, conforme o local de atuação. “No Brasil existem duas polícias: uma que protege e uma que caça. A que protege está nos bairros de classe média alta, e a polícia que caça é para as periferias. Por isso tratamentos diferentes também para os jovens pegos com drogas. Os ricos são tratados como usuários e os pobres são tratados todos como traficantes”, avalia.

Marcos Cardoso, escritor e integrante do movimento negro de BH, argumenta que a batida policial no viaduto teve a função de constranger jovens negros. “Como eles não podem nos impedir de estar nos bairros do centro da cidade, arranjam formas sofisticadas de ‘dizer’ isso”, afirma. Para ele, a ideia disseminada de que negros sempre têm relação com o crime, dá a “qualquer soldado na esquina o direito sobre a sua vida”.

O escritor lembra que a impunidade aos policiais reforça que continuem cometendo estes crimes, como no caso das chacinas da Candelária e de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, e da Cabula, em Salvador. No total, 41 jovens foram assassinados, 16 policiais indiciados, e apenas um continua preso. “Primeiro eles nos empurram para o gueto, e depois para a eliminação”, analisa.

O que pode ser feito

Contra as agressões feitas pelos policiais, a Ouvidoria da Polícia Militar de Minas Gerais detalhou relatório com os depoimentos das cinco mulheres. As principais denúncias contra os 26 policiais envolvidos na operação são: abuso de autoridade, lesão corporal e violação de privacidade. Segundo o coordenador da ouvidoria, Paulo Alckmin, os indícios passam agora por investigação quanto à sua veracidade e podem ocasionar punições aos PMs.

O procedimento da Ouvidoria foi aberto e será enviado à Corregedoria Geral da PM, à Secretaria Estadual de Direitos Humanos e ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

A solidariedade é negra

Elas foram feridas, mas não sozinhas. Naquela noite de domingo as quatro mulheres iam sendo levadas pelos policiais e atrás delas foram as 200 pessoas que estavam no viaduto Santa Tereza, que viram a ação da PM, e resolveram permanecer à frente da delegacia para prestar apoio. “Foi tipo um abração”, diz Laryssa com satisfação. “Achamos que iam ficar um pouco e ir embora, porque muita gente trabalha, mas todo mundo esperou até a gente sair às 4 da madrugada”, completa Romara.

Todas concordam que a presença das companheiras e companheiros fez com que se sentissem mais fortes e seguras. Ao contrário do resultado que os jovens negros organizados causaram nos policiais. “Diziam palavras de menosprezo à função pública policial militar”, reclamaram os PMs no Boletim de Ocorrência. Os gritos de “polícia opressora” e “covardes” ofenderam, mas “filho de polícia também fuma maconha” deve ter atingido um nível de insatisfação particular.

Editado por: Joana Tavares
Tags: polícia militarracismo
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

JUSTIÇA TRIBUTÁRIA

Campanha do PT por taxação dos mais ricos mira Congresso, que ‘fala em corte, mas aumenta seus gastos’, diz cientista político

MOVIMENTO CAMPONÊS

Combate à fome no Haiti: centro agroecológico forma agricultores para produzir comida de verdade

AGROECOLOGIA

Teste confirma que cuscuz produzido pelo MST em Pernambuco não tem agrotóxicos ou transgênicos

Desrespeito

Bancada do agro usa sessão na Câmara para atacar Marina Silva e políticas ambientais

MACHISMO

Pesquisa mostra como criminalização do aborto expõe mulheres a ciclo de violência, punição e violação de direitos

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.