Paraná

Coluna

Radar da Luta | Memória e luta em 2017

Ao lado das lutas contra a terra arrasada promovida pelo golpe no Brasil, 2017 também traz recordações importantes

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
A memória, é sempre bom lembrar, é uma ferramenta de luta dos trabalhadores
A memória, é sempre bom lembrar, é uma ferramenta de luta dos trabalhadores - Arte: Vanda Moraes

Ao lado das lutas pelos direitos sociais e trabalhistas e contra a terra arrasada promovida pelo golpe no Brasil, o ano de 2017 também traz várias datas e recordações importantes: é o ano do centenário da Revolução Russa, a principal experiência de tomada do poder de Estado pelos trabalhadores.

É também o centenário de uma das principais greves da História brasileira, a greve geral de 1917.

Hoje, uma nova greve está agendada para o dia 28 de abril, sendo que as duas anteriores haviam sido organizadas no ano de 1989.

Agora, nesses tempos de desmonte da Constituição brasileira, vale lembrar que, há um século, a Constituição mexicana garantia direitos básicos, conquistados depois de sete anos de luta e insurreição popular. O texto constitucional passava a garantir jornada de trabalho de oito horas, além de posse da terra a camponeses e indígenas.

E o assassinato de Ernesto Che Guevara, na Bolívia, completa exatos 50 anos, em outubro.

No período mais recente, no dia 5 de maio, completam-se vinte anos de um dos maiores episódios de entrega do patrimônio brasileiro, quando a mineradora Vale do Rio Doce (atual Vale) foi simplesmente vendida e privatizada por R$ 3,3 bilhões ao capital financeiro internacional, sendo que apresenta reservas minerais imensuráveis.

Lutas camponesas no Paraná

No Paraná, a Revolta dos Posseiros completa 60 anos, organização vitoriosa dos colonos no sudoeste, contra a expulsão por parte de companhias de terras que se instalaram na região uma década antes.

Em outubro, completam-se dez anos do assassinato de Valmir Mota de Oliveira, o Keno, agricultor sem-terra executado após ocupação em área de experimentos da Syngenta Seeds, no Oeste do Paraná, a partir de ataque de milícia armada a mando do grupo ruralista Sociedade Rural do Oeste (SRO). Outra trabalhadora sem-terra perdeu a vista e um integrante da milícia também morreu no episódio. O líder da SRO, Alessandro Meneghell, foi preso por curto período, devido a outro episódio de assassinato de um policial.

No caso brasileiro, são questões do passado, mas aí está a História voltando como um trauma presente: o tema das reformas e da reforma agrária pendente, da privatização, dos Golpes de Estado, fazem repetir a velha pergunta: que país queremos? Não podemos repetir os mesmos erros, temos que aprender com as lições do passado e nos fortalecer também com as lições das vitórias dos trabalhadores.

A memória, é sempre bom lembrar, é uma ferramenta de luta dos trabalhadores.

Seminário em Campo Mourão pauta desmonte da previdência e terceirizações

No dia 20 de abril, a reforma da Previdência (Proposta de Emenda à Constituição nº 287/2016) e a lei que libera a terceirização irrestrita, sancionada por Michel Temer no dia 31 de março, serão tema de um seminário em Campo Mourão. A ação é realizada pela Frente Brasil Popular do município. O evento terá palestra de Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Unicamp, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit).

Solidariedade aos trabalhadores do Paraguai

Centrais sindicais como a CUT buscam parcerias com os sindicatos do Paraguai para a defesa trabalhista. Segundo dados de 2012 do Ministério da Indústria do Paraguai, sete em cada 10 trabalhadores não possuem trabalho formal. Esse cenário se agrava com a promoção de incentivos para que empresas estrangeiras tenham vantagens via a chamada Lei de Maquila. “Maquila” são companhias que apenas montam os produtos, sem agregar valor à produção local. O objetivo da parceria é mapear quais são essas empresas (CUT Brasil).

Semana Indígena no Oeste do Paraná

por Julio Carignano

Comunidades Avá-Guarani do Oeste do Paraná estão recebendo visitantes para as Semanas Culturas alusivas ao Dia do Índio. As atividades acontecem em aldeias de São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Diamante do Oeste e Santa Helena, entre os dias 10 e 19 de abril, e são abertas à população. Os visitantes podem acompanhar apresentações de corais, danças, exposição de artesanatos e explanações sobre a cultura deste povo e o atual cenário de luta dos povos indígenas. Estima-se que 3,8 mil guarani habitem no Oeste do Paraná.

 

Edição: Ednubia Ghisi