2018

Presidente do Paraguai diz que não tentará reeleição, mas medida segue com apoio

Parlamentares disseram que continuarão buscando aprovação da emenda constitucional para aprovar a medida

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O presidente paraguaio, Horacio Cartes, em seu primeiro discurso como chefe de Estado, em agosto de 2013
O presidente paraguaio, Horacio Cartes, em seu primeiro discurso como chefe de Estado, em agosto de 2013 - Roberto Stuckert Filho

O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, anunciou, nesta segunda-feira (17), que não se apresentará como candidato à presidência nas eleições de 2018, possibilidade colocada em um projeto para permitir a reeleição, aprovado pela maioria do Senado no fim de março e que provocou protestos que culminaram em um incêndio no prédio do Congresso do país.

Cartes informou sua decisão ao titular da Conferência Episcopal do Paraguai, Edmundo Valenzuela, em carta que ele mesmo divulgou em seu perfil no Twitter.

"Tenho a honra de me dirigir a vossa excelência, para pôr a seu conhecimento que tomei a decisão de não me apresentar, em nenhum caso, como candidato a presidente da República para o período constitucional 2018-2023", diz o texto.

"Espero que este gesto de renúncia sirva para o aprofundamento do diálogo dirigido ao fortalecimento institucional da república, em harmônica convivência entre os paraguaios", acrescenta Cartes.

Após o anúncio do presidente, a senadora Lilian Samaniego, do Partido Colorado, de Cartes, declarou em conferência de imprensa que os parlamentares continuarão buscando a aprovação no Congresso da proposta de emenda constitucional para permitir a reeleição no país.

“Vamos seguir com o projeto de emenda, pois queremos a modernização democrática do país. Vamos seguir na luta até que o povo possa decidir pelo ‘sim’ ou pelo ‘não’”, afirmou em referência ao plebiscito que deve ser convocado após a aprovação do projeto pela Câmara dos Deputados para que a Constituição paraguaia seja modificada.

Carlos Filizzola, senador da Frente Guasú, do ex-presidente e atual senador Fernando Lugo, também afirmou que seu partido seguirá apoiando a emenda. “Apoiamos o projeto de emenda por Fernando Lugo e não por Cartes, e seguiremos com ela”, disse Filizzola à rádio paraguaia 780 AM.

A intenção da Frente Guasú é que Lugo seja um dos presidenciáveis em 2018, disse o senador. “Na Frente Guasú seguimos com a ideia da emenda, pois é uma garantia para a candidatura de Fernando Lugo”, reiterou.

Uma pesquisa de intenção de voto para as eleições de 2018 no Paraguai publicada no começo de março pelo jornal Última Hora indica que Lugo tem 52,6% da preferência do eleitorado para a Presidência do país. Cartes, presidente desde agosto de 2013, apareceu em segundo lugar com 11,9%.

Protestos e tentativa de diálogo

Horacio Cartes anunciou sua decisão no mesmo dia em que o Partido Liberal, o maior da oposição, convocou uma manifestação para amanhã em Assunção contra o projeto de emenda que permite um segundo mandato constitucional, atualmente proibido no Paraguai.

Para terça-feira também estava prevista a terceira sessão da mesa de diálogo convocada por Cartes para tratar da crise criada e na qual não participou o Partido Liberal, que exigia a retirada desse projeto como condição para estar no fórum.

O presidente paraguaio chamou ao diálogo após os incidentes registrados em 31 de março em Assunção, nos quais manifestantes contra o projeto de emenda incendiaram parte do Congresso.

Horas depois um militante do Partido Liberal morreu atingido por um tiro disparado por um policial, que invadiu a sede da formação com outros agentes.

*Com Agência Efe

Edição: Opera Mundi