Crise política

Maduro chama oposição para nova tentativa de diálogo na Venezuela

Convocação vem em meio a onda de protestos comandados por líderes oposicionistas

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Mobilização em defesa do governo do presidente Nicolás Maduro lota Avenida Bolívar, em Caracas
Mobilização em defesa do governo do presidente Nicolás Maduro lota Avenida Bolívar, em Caracas - AVN

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou nesta quarta-feira (19) a oposição a seu governo para uma nova tentativa de diálogo. O pedido vem em meio a uma onda de protestos comandados por líderes oposicionistas.

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"Eu estou pronto, amanhã mesmo, depois de amanhã, para me reunir com os porta-vozes da oposição (...) para pedir em nome de milhões e milhões de homens e mulheres da Venezuela que se retifiquem e que cessem sua violência e seu golpismo", disse Maduro.

Maduro indicou como porta-vozes desta rodada de diálogo o prefeito de Libertador, Jorge Rodríguez, a chanceler, Delcy Rodríguez, e o deputado Elías Jaua. O presidente pediu ao jornalista José Vicente Rangel e ao advogado Hermann Escarrá que se incorporem como "fiadores" para " explorar o caminho do diálogo".

"Sou um homem de diálogo, acredito na palavra, acredito nas razões e acredito que só através da palavra é possível consolidar e abrir caminho à paz", disse, ressaltando que nunca se culpará por não ter convocado à oposição a uma mesa de diálogo.

Em 30 de outubro do ano passado, se iniciou na Venezuela um processo de diálogo que se estendeu por pouco mais de um mês e que foi suspenso depois que as duas partes se culparam pelo descumprimento dos acordos.

Protestos

A oposição convocou para esta quinta-feira (20/04) um protesto contra Maduro, apesar dos confrontos e das mortes nas manifestações das últimas semanas, que já somam sete vítimas. Um dos líderes opositores, Henrique Capriles, confirmou que a marcha desta quinta-feira (20) partirá de vários pontos da capital, Caracas, assim como já ocorreu nas manifestações anteriores, como a de ontem, que foi a maior até o momento.

"Saímos às ruas em milhões de pessoas e agora devemos ser maiores ainda", disse Capriles, acusando a polícia de "provocar a violência". As manifestações pedem novas eleições e a libertação do opositor Leopoldo López, que foi condenado e está preso.

Apoiadores do presidente também organizaram uma manifestação em Caracas nesta quarta para demonstrar suporte a Maduro. Houve marchas de apoio ao governo venezuelano em diversas cidades ao redor do mundo, como La Paz, Moscou e São Paulo.

Em discurso durante a manifestação em Caracas, o presidente do país pediu que o povo se preparasse para “uma vitória total, pacífica e democrática”. “Quero ganhar essa batalha e quero que o povo se prepare para ganhá-la em paz e com votos, que nos preparemos para ter uma vitória eleitoral pronta e total”, disse.

“Se algum dia houve um sentido histórico dizer ‘glória ao bravo povo’, foi hoje, 19 de abril de 2017. Triunfamos novamente! Glória ao bravo povo que o jugo lançou! Glória ao bravo povo que conquistou a paz! Glória ao bravo povo que a pátria e a soberania defendeu!”, afirmou Maduro, que disse ser “histórica” a mobilização popular em defesa do governo.

Tillerson

A chanceler da Venezuela disse nesta quarta que seu país "rejeita o intervencionismo sistemático" dos Estados Unidos, depois de o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, acusar o governo de violar "sua própria Constituição".

"A Venezuela rejeita as declarações do secretário de Estado americano @RexTillerson por (se tratar de) intervencionismo sistemático contra a Venezuela", afirmou a chefe da diplomacia venezuelana em sua conta no Twitter.

Rodríguez acrescentou em outra mensagem que seu país se preocupa "profundamente" com os recentes bombardeios lançados pelos Estados Unidos contra os territórios da Síria e do Afeganistão. "Preocupa igualmente a Venezuela as políticas migratórias contra cidadãos latino-americanos nos EUA e o racismo promovido institucionalmente", completou Rodríguez.

Tillerson disse nesta quarta que os Estados Unidos estão "preocupados" porque o governo do presidente Nicolás Maduro "está violando sua própria Constituição e não está permitindo que as vozes da oposição sejam escutadas".

Além disso, ressaltou que seu país está acompanhando "de perto" a nova onda de protestos antigovernamentais no país sul-americano. Por outro lado, Tillerson não respondeu às acusações de Maduro, que afirmou ontem à noite que os Estados Unidos planejaram um "golpe de Estado" no país.

(*) Com Efe e Ansa

Edição: Opera Mundi