Greve Geral

Reforma da Previdência e saúde na profissão são pautas dos professores na Greve Geral

Temas estão sendo contemplados na Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública da CNTE

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Mobilização dos professores contra a Reforma da Previdência realizada no dia 15 de março
Mobilização dos professores contra a Reforma da Previdência realizada no dia 15 de março - Reprodução

A saúde dos trabalhadores em educação e sua relação direta com a reforma da Previdência será uma das principais pautas da categoria na Greve Geral deste 28 de abril. O desgaste da profissão é contemplado pela Previdência atual, que contempla os professores com uma aposentadoria especial: 25 anos de contribuição e 50 anos de idade para mulheres, e  30 anos de contribuição e 55 de idade, no caso dos homens.

Embora o governo golpista de Michel Temer tenha recuado sobre o fim da aposentadoria especial dos professores, a categoria luta pela permanência da Previdência atual, como explica Fátima Silva, secretária geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, a CNTE.

"Qual é o professor que vai ficar com 60 anos dentro de uma sala de pré-escola, de creche, uma sala de alunos com as condições de trabalho que nós temos? É bem verdade que eles falam que passaram de 65 para 60, mas tem que se levar em consideração o que se tem hoje e o que ele [Temer] propôs. Nós queremos a manutenção do sistema previdenciário de hoje. Somos contra a reforma como um todo, não adianta remendo", afirmou.

Para Nelída Marin, professora de história no Ensino Municipal de São Paulo, a necessidade de barrar a reforma da Previdência está diretamente relacionada com a saúde dos educadores.

"Muita gente adquire calo nas cordas vocais e é afastado da sala de aula, ou problemas na articulação do ombro, por levantar muito as crianças e escrever no quarto. Além do desgaste psicológico dentro da educação nos dias de hoje. É impossível imaginar um professor de 65 anos dentro de uma sala de aula. Então é um panorama bem complicado, uma situação que chega a ser desesperadora pensar esses anos a mais dentro de sala de aula", ponderou.

Outro aspecto destacado por Nelída é o fato de a profissão ser majoritariamente feminina. Segundo o Censo Escolar de 2015, 80% dos trabalhadores em educação são mulheres. "Isso toca em uma outra questão: essa reforma da Previdência também busca igualar as idades mínimas para aposentadoria entre homens e mulheres, e sendo uma categoria majoritariamente feminina, afeta justamente os indivíduos da sociedade que cumprem mais de uma jornada, levam a maior parte do trabalho doméstico em suas casas, o cuidado do filhos. Isso prejudica a categoria da educação".

Os riscos ocupacionais da profissão e soluções para a questão da Previdência vêm sendo debatidos durante a décima oitava Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública da CNTE, que teve início no dia 17 de abril e será concluída no dia 28, com ampla participação nas mobilizações da Greve Geral.

*Esta reportagem foi realizada em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Edição: Anelize Moreira