Análise

Petróleo é elemento-chave para entender a situação da Venezuela

No ano passado, o país se tornou número um no ranking dos países com maiores reservas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Petroleira venezuelana foi estatizada no governo de Hugo Chávez
Petroleira venezuelana foi estatizada no governo de Hugo Chávez - Divulgação

O que está em disputa na Venezuela, e que os grandes meios de comunicação tentam esconder, é o petróleo. Segundo o relatório anual da Opep, organização que reúne os países exportadores de petróleo, divulgado em setembro do ano passado, a Venezuela ultrapassou a Arábia Saudita em volume de reservas de petróleo cru. Com 296,5 bilhões de barris em seu solo, a Venezuela torna-se o número um no ranking dos países com maiores reservas de petróleo.

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Desde que o petróleo foi descoberto na Venezuela no início do século 20, os Estados Unidos sempre mantiveram seus interesses assegurados pelos governos que se sucediam no país.

Com a eleição de Hugo Chávez, em 1999, isso mudou. A PDVSA, que é a maior petroleira do país, voltou para as mãos do Estado, mas não demorou muito para os Estados Unidos, articulados com os setores industriais, a Igreja Católica, a mídia e parte das Forças Armadas darem um golpe em 2002. Mas logo depois o povo mobilizado  reinstaurou o governo constitucional com Chávez de volta.

Desde então, seguem-se as tentativas da direita golpista de recuperar o poder  com o apoio dos Estados Unidos.

Chávez resistiu pela sua capacidade de liderança, tanto em setores civis quanto militar, e pelo apoio de uma América Latina com governos progressistas e anti-imperialistas e também favorecido pela economia petroleira onde o barril de petróleo chegou a US$ 150.

Hoje, o presidente Nicolás Maduro enfrenta mais dificuldades, pois com a crise o barril  de petróleo chegou a US$ 40, portanto muito reduzido e isso diminuiu a capacidade de investimento em setores sociais. E também, se olhamos a conjuntura latino-americana, não há mais governos fortes aliados, como era o caso do Brasil e da Argentina. Porém enganam-se aqueles que pensam que há uma derrota. Há um povo em luta, conscientes de que o retorno da direita significa a retirada de seus direitos e a entrega das riquezas do país para as grandes corporações estrangeiras.

*Joaquin Piñero é da coordenação nacional do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, e da Alba Movimentos, Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América

 

Edição: Brasil de Fato