Cinelândia

Sindicalistas e OAB denunciam violência policial em protesto no Rio

PMs jogaram bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio na região da Cinelândia

Rio de Janeiro |
Ato em dia de Greve Geral foi recebido com truculência pela Polícia Militar no Rio de Janeiro
Ato em dia de Greve Geral foi recebido com truculência pela Polícia Militar no Rio de Janeiro - Pablo Vergara

Sindicalistas, lideranças sociais e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acusam a Polícia Militar de ter inviabilizado o comício de encerramento dos protestos contra as reformas trabalhista e da Previdência, nesta sexta-feira (28), na Cinelândia. Segundo eles, quando milhares de pessoas aguardavam o início dos discursos, que seriam realizados em um palanque montado em frente à Câmara Municipal, PMs começaram a jogar bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio, o que causou um corre-corre e esvaziou a praça.

De acordo com os organizadores, após cerca de 30 minutos, os manifestantes voltaram, mas a PM voltou a reprimi-los, jogando mais bombas sobre o local e terminando de vez com o comício.

“Eles chegaram com a truculência de sempre, sem identificar quem estava [ali] para fazer baderna e quem estava para protestar. Eles simplesmente botam todos no mesmo saco e atacam a gente. O principal ato de hoje eles conseguiram desmobilizar”, protestou o representante do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas em Saneamento Básico do Rio de Janeiro, Mario Porto.

Os sindicalistas disseram que a PM jogou bombas no palco, enquanto pessoas discursavam. “A polícia nunca quis que a gente realizasse este ato. Jogaram bombas no palco, enquanto as pessoas estavam falando. Essa não é atitude de polícia”, disse o presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ronaldo Leite. Para Leite, o objetivo real era encerrar o ato.

Manifestação

A concentração para o comício começou por volta das 13h, em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando houve o primeiro confronto entre manifestantes e PMs. Em seguida, o grupo foi para a Cinelândia para participar do ato principal.

A ativista social Indianara Siqueira disse que, na Alerj, os policiais já tinham começado a jogar bombas. “Nós nos reagrupamos e fomos para a praça [Cinelândia]. Aí houve a fala dos parlamentares e dos movimentos sociais e eles jogaram bombas novamente e as pessoas se dispersaram.” De acordo com Indianara, quando os manifestantes retornaram, os policiais voltaram a jogar bombas de gás e usar spray de pimenta.

OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção do Rio de Janeiro, divulgou nota protestando contra a violência da PM nos protestos de rua que fizeram parte do dia de greve geral. “Nada justifica a investida, com bombas e cassetetes, contra uma multidão que protestava de modo pacífico. Se houve excessos por parte de alguns ativistas, a polícia deveria tratar de contê-los na forma da lei”, diz a nota da OAB, assinada pelo presidente da entidade, Felipe Santa Cruz.

PM

Em nota, a PM diz que agiu para combater a ação de vândalos. “A corporação agiu em vários distúrbios, reagindo à ação de vândalos que, infiltrados entre os legítimos manifestantes, promoveram atos de violência e baderna pelo centro da cidade”.

A PM foi procurada por e-mail pela reportagem, mas não se posicionou sobre a acusação de que usa violência desproporcional contra a multidão que se preparava para participar do comício na Cinelândia.

Edição: Reprodução ABr