Reforma Agrária

"A perspectiva é dobrar o público", diz organizador da II Feira da Reforma Agrária

Evento acontece entre esta quinta-feira e o domingo (7) no Parque da Água Branca, em São Paulo (SP)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Todas as regiões e 23 estados do país estão representados na II Feira Nacional da Reforma Agrária
Todas as regiões e 23 estados do país estão representados na II Feira Nacional da Reforma Agrária - Rica Retamal

A segunda edição da Feira Nacional da Reforma Agrária teve início nesta quinta-feira (4), em São Paulo, trazendo mais de 800 agricultores e assentados do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de todas as áreas do país. De acordo com os organizadores do evento, a perspectiva é que sejam dobrados o público e as pessoas envolvidas no evento, em relação à primeira edição da feira, realizada em 2015.

Todas as regiões e 23 estados do país, mais o Distrito Federal, estão representados no evento, que está organizado em 34 tendas da "culinária da terra" para degustação de alimentos, além de 250 toneladas de alimentos disponíveis para venda. O evento contará também com apresentações de 230 artistas populares em mais de 30 intervenções de dança, música, teatro e poesia.

Segundo  Virlei Ferreira da Silva, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e um dos responsáveis pela logística da feira, foram pelo menos dois meses de preparação para trazer os feirantes do campo para a maior cidade do país.

"Mas a organização vem de longe, porque além dos acompanhamentos com a administração da cidade e com as empresas, há toda a produção nos estados, assentamentos. Eu também sou assentado e estava me preparando antes para trazer os produtos para cá. Para a parte dos shows a ideia é que tenham outros eventos, tanto no palco chamado de Arena, com eventos maiores, quanto no Palco Feira, para as pessoas se alimentarem ouvindo músicas de qualidade todo o dia", afirmou.

Virlei explica que na primeira edição da Feira Nacional da Reforma Agrária havia 600 pessoas envolvidas na organização, e apenas 15 cozinhas funcionando. "Este ano a perspectiva é dobrar tanto o público quanto as pessoas envolvidas, com toda a experiência acumulada. A culinária vai funcionar a todo o vapor durante os quatro dias".

Debora Nunes, integrante da Coordenação Nacional do MST, destaca a importância de compartilhar as experiências do campo com os consumidores urbanos de São Paulo.

"Hoje estamos aqui com todo o Brasil, todas as regiões e estados. A feira possibilita a degustação da culinária da terra de todas as regiões, o carneiro e bode do nordeste, o arroz com pequi do cerrado, o arroz do sul. Estamos compartilhando com São Paulo as outras dimensões da reforma agrária, para as pessoas que não conhecem os assentamentos e acampamentos terem a possibilidade de chegar aqui e conhecer", disse.  

 

Do campo para a cidade

Para a agricultora Aline, que veio do assentamento Bernardo Marinho, localizado no Rio Grande do Norte, para participar da feira, a experiência de viajar do campo para a cidade também é nova. "É a primeira vez que eu venho para São Paulo. A gente viajou no domingo à noite, saímos de casa às 18h, e chegamos ontem, na quarta-feira, às 16h. Foram quatro dias de viagem. Cansativo, mas estamos aqui na luta", contou.

Aline explicou que a produção de alimentos como maracujá, azeite de dendê, castanha de caju e batata doce, que trouxe do seu assentamento, chegou antes dos agricultores. "A gente fez uma parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e eles trouxeram tudo em um caminhão. A gente veio de muito longe expor nossos produtos aqui, é uma conquista tanto para os paulistanos quanto para a gente", disse.

A parceria entre os assentamentos, órgãos públicos e movimentos populares para a realização da feira também foi destacada pela agricultora Crislaine Khite de Melo Padilha, que veio do assentamento Antônio Conselheiro, localizado no Mato Grosso. "Deu um pouquinho de trabalho para trazer a produção, mas o pessoal do assentamento contribuiu muito", afirmou. "É a minha primeira vez aqui e estou achando muito massa. Trouxemos um pouquinho de cada coisa da agricultura familiar", contou, mostrando sua produção de abacaxi, banana, mamão, inhame e limão.

Já o agricultor Antônio Pereira trouxe, também do Rio Grande do Norte, uma produção ainda mais diversa. "Estou aqui com muitas coisas boas, plantas medicinais para curarmos as pessoas. Lamparina, pomada de copaíba, sebo de carneiro. Tem garrafadas para o útero, cisto, diabetes. Tenho 47 anos de estrada, sou um homem viajado e estou aqui em São Paulo com muito orgulho",  afirmou.

A II Feira Nacional da Reforma Agrária acontecerá no Parque da Água Branca, zona oeste de São Paulo, até o domingo (7), das 8h até às 19h.

Edição: Anelize Moreira