Coluna

Ministro golpista e sabujo faz o jogo da direita venezuelana contra Maduro

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Nunes Ferreira tem sido um fiel escudeiro do Departamento de Estado norte-americano
Nunes Ferreira tem sido um fiel escudeiro do Departamento de Estado norte-americano - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil/Arquivo
Todo cuidado é pouco com os pronunciamentos do governo golpista brasileiro

Qual a moral tem o Ministro golpista das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, para afirmar que a proposta do Presidente constitucional venezuelano, Nicolas Maduro de convocação de uma Assembléia Constituinte é um golpe? Nunes Ferreira tem sido um fiel escudeiro do Departamento de Estado norte-americano e não é de hoje que ele se manifesta em favor da oposição que tenta há algum tempo derrubar o Presidente Maduro.

Nunes Ferreira manteve-se em silêncio quando no Paraguai o Presidente Horácio Cartes tentou conseguir aprovação de uma proposta permitindo a sua reeleição, mas a pressão popular obrigou o Parlamento revogar a decisão, isso depois que a repressão ao estilo do ditador Alfredo Stroessner agiu contra os manifestantes de forma brutal. Aí o governo golpista brasileiro e o argentino de Maurício Macri, um também aliado dos Estados Unidos, não deram uma só palavra de condenação.

Nunes Ferreira não passa de um sabujo das forças reacionárias que pululam na América Latina e jogam todas as cartas contra o governo bolivariano com o apoio total e absoluto da mídia comercial conservadora que diariamente divulga informações sobre a Venezuela com o objetivo de convencer a opinião pública a se voltar contra o Presidente constitucional Nicolas Maduro.

É incrível como um governo golpista como o brasileiro se sinta no direito de considerar “ditatorial” um governo que, como disse o Papa Francisco, foi contestado pela oposição quando da tentativa do Vaticano de promover o diálogo. Ou seja, apesar da recente declaração do Papa Francisco ter sido ignorada pela mídia comercial conservadora o fato é que os mesmos apoiadores incondicionais da oposição venezuelana procuram também ignorar o que foi dito pelo Sumo Pontífice e a todo o momento acusam o governo constitucional de negar o diálogo.

É nesse contexto que surge o golpista sabujo Aloysio Nunes Ferreira para mais uma vez, em companhia de seus correligionários do PSDB, PMDB E DEM, a assacar infâmias contra o regime venezuelano, omitindo o fato de o Poder Executivo ter o direito de convocar uma Assembleia Constituinte.

Dizer, como disse Nunes Ferreira e outros na América Latina de seu naipe, que a convocação da Assembleia Constituinte “é mais um momento de ruptura da ordem democrática, contrariando a própria Constituição do país”, é realmente desconhecer a Constituição do país e apenas fazer o jogo da oposição inconformada com o fato de Maduro continuar Presidente.

Nunes Ferreira se soma ao Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis almagro na tentativa de tirar Nicolas Maduro do poder. A direita venezuelana e seus apoiadores externos se esforçam no sentido de evitar que a Venezuela se recupere economicamente com o aumento que se avizinha do preço do barril do petróleo. O esforço é nesse sentido, não se excluindo o desejo dos oposicionistas apoiarem até uma intervenção externa que seria desencadeada pelo Comando Sul norte-americano. 

E não seria nenhuma surpresa se o atual governo golpista do Brasil repetisse a história dos anos 60 quando o então primeiro general de plantão, Humberto de Alencar Castelo Branco ordenou a participação de militares brasileiros sob o comando do General Meira Matos a intervir na República Dominicana dando respaldo a intervenção norte-americana.

Em se tratando do governo usurpador e golpista que tem no Ministério do Exterior a figura sabuja de Aloysio Nunes Ferreira, tudo é possível, inclusive a repetição da história como farsa.

Por estas e algumas outras, todo cuidado é pouco com os sucessivos pronunciamentos do governo golpista brasileiro contra o governo constitucional venezuelano que não reza pela cartilha dos interesses norte-americanos.

* Mário Augusto Jakobskind é jornalista, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato no Rio de Janeiro, escritor e autor, entre outros livros, de Parla - As entrevistas que ainda não foram feitas; Cuba, apesar do Bloqueio; Líbia - Barrados na Fronteira e Iugoslávia - Laboratório de uma nova ordem mundial.

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