Análise

Deputados seguem sob pressão da opinião pública no debate da reforma da Previdência

Comentário da jornalista Cristiane Sampaio analisa a correlação de forças no Congresso Nacional

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Deputados governistas comemoram aprovação do texto base da reforma da Previdência na última quarta (3)
Deputados governistas comemoram aprovação do texto base da reforma da Previdência na última quarta (3) - Fábio Rodrigues Pozzebom

A votação inicial da reforma da Previdência mostrou que o governo deve enfrentar maiores desafios pela frente. Isso porque o resultado obtido na comissão especial não traduz a correlação de forças que hoje se tem no plenário da Casa, onde a maioria dos deputados tem se colocado contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que institui a reforma.

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Nos bastidores, parlamentares comentam que o governo teria hoje pouco mais de 250 votos em plenário, bem menos que o necessário para a aprovação, que é de 308. É interessante destacar que, na atual fase de tramitação, a PEC 287 vive um cenário de contradições.

Ao mesmo tempo em que pretende acelerar a aprovação, o governo teme uma derrota em plenário, onde a base aliada ainda não garante uma margem de segurança para a votação. Do outro lado, a oposição se esforça tanto para adiar a apreciação final do relatório quanto para lucrar com o intervalo de tempo entre uma votação e outra. Isso porque, tendo aprovado o relatório sem uma garantia de vitória final, o governo deve sofrer maior desgaste com aquele velho toma lá dá cá nos subterrâneos do Planalto.

Enquanto isso, os opositores contam com os movimentos populares para fazer crescer a massa de brasileiros que se opõem à PEC. Uma expectativa, aliás, respaldada na última pesquisa de opinião do Datafolha, que acusa uma rejeição de setenta e um por cento por parte da população brasileira em relação à reforma. Percentual que ajuda inclusive a explicar os intensos protestos no Congresso na quarta-feira (3) da semana passada.

Durante todo o dia, parlamentares da oposição e segmentos populares exerceram forte pressão sobre os deputados do colegiado, na tentativa – frustrada – de evitar mais uma votação atropelada. Mas a verdade é que do futuro pouco se sabe. Em um cenário de instabilidade e ebulição como este, o que nos resta é esperar pra ver.
 

Edição: Camila Maciel