Caracas

Comissão para Constituinte na Venezuela se reúne com 17 partidos

Opositora MUD classifica proposta de Constituinte como "fraudulenta e ilegítima" e diz que não irá participar

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Mesa de reunião da Comissão para a Assembleia Constituinte na Venezuela com partidos nessa segunda-feira (8)
Mesa de reunião da Comissão para a Assembleia Constituinte na Venezuela com partidos nessa segunda-feira (8) - Reprodução/Twitter

Uma reunião suprapartidária convocada na semana passada pela Comissão Presidencial para a Assembleia Constituinte foi realizada nesta segunda-feira (8) no Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano, em Caracas, para debater o processo que reformará o ordenamento jurídico do país.

Segundo a agência estatal AVN, 17 partidos participaram do encontro, enquanto a MUD (Mesa da Unidade Democrática), coalizão de legendas da oposição, recusou o convite do governo para participar do processo, que caracterizou como “fraudulento”, e não compareceu.

Organizações políticas opositoras e oficialistas como Partido Joven, Movimento Cidadão pelo Campo, Democracia Republicana, Poder Laboral, Resistência Civil, Democracia Renovadora e Movimento Ecológico aceitaram o convite, depois que a comissão ampliou a convocação a todos os partidos da oposição, inclusive os que formam a MUD.

Elías Jaua, presidente da comissão e ministro da Educação da Venezuela, afirmou que o espaço vai permitir o debate e que a reunião se dirigia a escutar propostas destas organizações políticas.

"Agradecemos todos os que estão presentes, por atender este convite pela paz de nosso país e escutar. Vocês farão suas observações, suas críticas, contribuições, nós anotaremos para nutrir o debate e a convocação que fez o presidente Nicolás Maduro", afirmou Jaua.

Jaua afirmou que o mandatário venezuelano tomou a decisão de fazer esta convocação diante da “insistência de setores da oposição de manter uma agenda de violência”. A ideia, segundo ele, é promover um amplo diálogo nacional.

Durante o encontro, Segundo Meléndez, presidente do MAS (Movimento ao Socialismo), um dos partidos presentes à reunião, reafirmou a disposição de sua legenda para o debate e ressaltou que a situação atual da Venezuela passa pela polarização extrema, “que deve ser erradicada”.

“Nos últimos anos, desejos desmedidos de poder – uns por conservá-lo, outros por alcançá-lo – provocaram a perda do discernimento no manejo da política, tanto pelo governo como pela MUD, conduzindo a esta asfixiante polarização”, disse Meléndez.

Ele disse que o MAS não apoia a iniciativa de Maduro de convocar uma Assembleia Constituinte, mas que seu partido “participará de todos os espaços com a esperança de ser ouvido e ajudar a buscar uma saída à crise”.

Já José García Urquiola, secretário-geral do partido Unidade Democracia Renovadora, rejeitou o pretendido protagonismo da MUD como “máxima representação opositora” venezuelana.

Para Urquiola, a coalizão “atuou à margem da Constituição com constantes chamados a eleições gerais, que violam a Carta Magna” do país. “Eles – a MUD – seguem sendo a mal denominada ‘oposição venezuelana’, tanto na Venezuela como no exterior, e não consideram a maioria: o povo venezuelano”, disse o dirigente partidário.

Em carta aberta ao presidente da Comissão para a Constituinte divulgada nesta segunda-feira (8), a MUD diz ter recebido o convite para participar das reuniões que irão discutir a iniciativa, mas rechaça tomar parte “na fraudulenta e ilegítima proposta de Nicolás Maduro”.

Jaua, por sua vez, voltou a convocar os líderes da coalizão opositora a “trabalhar para garantir a paz e o desenvolvimento econômico da Venezuela”.

“Em nome do presidente Maduro, chamo os representantes da MUD para que participem deste processo constituinte, legítimo, popular e soberano”, disse o presidente da Comissão.

“Devem refletir e sentar-se para dialogar, mesmo que tenhamos profundas diferenças”, afirmou, sustentando que “o caminho para uma Venezuela em paz é o diálogo”.

Edição: Opera Mundi