Golpe jurídico

Artigo | Ápice fascista: Moro vai prender Lula?

Jornalista comenta os abusos de autoridade no âmbito da Operação Lava Jato

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Juiz de primeira instância da Justiça Federal do Paraná, Sérgio Moro
Juiz de primeira instância da Justiça Federal do Paraná, Sérgio Moro - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Partido da Lava-Jato, chefiado pelo "juiz" Sergio Moro e orientado pela Rede Globo, desembestou de vez. Na véspera do depoimento do ex-presidente Lula em Curitiba, nesta quarta-feira (10), a turma "infantil" do Ministério Público Federal decidiu jogar todas as suas fichas na radicalização política. A cavalgada fascista parece atingir seu ápice. Criticada em seus abusos autoritários até por figuras que antes estiveram juntas na conspiração golpista contra Dilma - como o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal -, o Partido da Lava-Jato descamba para o desespero e adota várias medidas truculentas. A escalada reforça o temor de que o "justiceiro" Sergio Moro tente dar o xeque-mate em breve, ordenando a prisão ilegal e arbitrária do carismático Lula - o que pode causar uma explosão de revolta no país. O último lance desta cruzada fascista foi a decisão de fechar o Instituto Lula.

A absurda decisão foi tomada na tarde desta terça-feira (9) pelo juiz substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, Ricardo Augusto Soares Leite. Em um despacho totalmente insano, ele afirmou que o Instituto Lula pode ter sido um "instrumento ou pelo menos local de encontro para a perpetração de vários ilícitos criminais". Ele não apresentou qualquer prova e apenas atiçou ainda mais os ânimos que cercam o depoimento do ex-presidente em Curitiba. Diante da gravidade do seu ato, o Instituto Lula divulgou uma nota no início da noite desta terça-feira:

Instituto Lula tem histórico de 26 anos dedicados à transformação social

São Paulo, 9 de maio de 2017

O Instituto Lula, desde sua primeira fase, tem uma história de 26 anos dedicados a apoiar a transformação da sociedade brasileira, superar a desigualdade, promover o desenvolvimento e apoiar a construção da democracia no Brasil e no mundo. Na mesma casa onde funciona há mais de duas décadas nasceram projetos como o "Fome Zero" e o "Projeto Moradia", que mais tarde se consolidariam em políticas públicas no governo do ex-presidente Lula, como o “Fome Zero“, o “Bolsa Família“, o “Programa Minha Casa, Minha Vida“, o “Programa Luz Para Todos“ e o “Projovem“.

Em agosto de 2011, o Instituto Cidadania passou a se chamar Instituto Lula e continuou funcionando no mesmo endereço. Como Instituto Lula, promoveu debates públicos dentro e fora do país, reuniu estudiosos, acadêmicos, sindicalistas, empresários, jovens, religiosos, embaixadores, artistas, técnicos e produtores culturais, ativistas de redes sociais, blogueiros, jornalistas, representantes de movimentos sociais, de ONGs e dirigentes, além de autoridades e governantes do Brasil e de muitos outros países. O Instituto compartilhou sua produção com a sociedade em eventos, publicações e com ferramentas de educação e pesquisa como o Memorial da Democracia e o Brasil da Mudança.

Até agora, o Instituto não foi notificado oficialmente da decisão do juiz e seus advogados averiguarão as medidas cabíveis assim que tiverem o teor da decisão.

Vale lembrar que o "juiz" Ricardo Augusto Soares Leite já foi alvo de um pedido de afastamento da Operação Zelotes por parcialidade em suas ações. Talvez agora ele tenha tentado salvar sua imagem, prestando mais um serviço ao Partido da Lava-Jato e à Rede Globo. Segundo matéria do Estadão, em 2015 a força-tarefa da Operação Zelotes solicitou que o tal juiz não atuasse no caso. "Ricardo Leite havia recusado pedidos de quebra de sigilos telefônicos e prisões preventivas de envolvidos na investigação. A Operação Zelotes apura crimes de evasão respaldados pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda (Carf). De acordo com a Procuradoria, Leite perdeu a imparcialidade porque pedidos referente a Zelotes ficaram parados, sem serem analisados".

Um dia antes da decisão "infantil" de Ricardo Augusto Soares Leite, a "juíza" Diele Denardin Zydek também jogou na radicalização política - no que até parece uma ação combinada do Partido da Lava-Jato. Ela proibiu as manifestações de apoio a Lula em Curitiba, mas a medida autoritária foi anulada. Vale lembrar também que esta figura é uma ativa militante de extrema-direita nas redes sociais, já tem postado várias mensagens de apoio a Sergio Moro e de ataques ao ex-presidente Lula. Ela nunca escondeu sua simpatia pelo grupelho fascista Movimento Brasil Livre (MBL).

 

(*) Altamiro Borges é jornalista, coordenador do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé.

Edição: Blog do Miro