CAMPONESES EM LUTA

Universidades do Rio de Janeiro debatem reforma agrária

MST e comunidade acadêmica discutem os problemas e as conquistas dos trabalhadores do campo

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
IV Jornada Universitária em Defesa Reforma Agrária teve participação de alunos de diferentes cursos
IV Jornada Universitária em Defesa Reforma Agrária teve participação de alunos de diferentes cursos - Foto: MST-RJ

Mais de dez universidades e escolas técnicas foram palco de intensos debates durantes os 21 dias da IV Jornada Universitária em Defesa Reforma Agrária, que termina nessa quarta-feira (17).

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A parceria entre as instituições de ensino e o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) teve como resultado a apresentação de 50 mesas de debate, feiras livre de alimentos produzidos em assentamentos da reforma agrária e visitas guiadas a um acampamento e um assentamento do MST.

Estudantes, professores e pesquisadores estiveram um dia inteiro no acampamento Marli Pereira da Silva, do MST, em Paracambi (RJ), onde 50 famílias lutam por um pedaço de terra, e no assentamento Roseli Nel, em Piraí (RJ), onde vivem 39 famílias desde 2011.

“Essa foi uma troca muito rica. Os estudantes e professores, de diferentes universidades, puderam ver de perto a realidade das famílias que lutam por um pedaço de terra para plantar e daquelas que já produzem seus alimentos”, explica uma das organizadoras da Jornada Universitária, Luana Carvalho, integrantes da coordenação estadual do MST-RJ.

Para muitos estudantes, essa é uma oportunidade de tirarem suas dúvidas e desfazer preconceitos, segundo a integrante do MST. “A maneira como a grande mídia retrata movimentos como o MST não é mais amigável. Então, os estudantes chegam para debater com muita curiosidade e dúvidas também", explica.

Por serem espaços de formação de profissionais, pesquisadores e pessoas que possivelmente terão certa influência na sociedade, as universidades são importantes produtoras de novas ideias, opinião e conhecimento. Por isso o MST decidiu debater reforma agrária dentro dessas instituições. Entre estão a UFRJ, UFF, UFRRJ, UERJ, PUC-Rio, institutos federais e unidades da Faetec, entre outras. Além dos campus do Rio de Janeiro, o evento também se estendeu às universidades de Rio das Ostras, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda, Niterói e Angra dos Reis.

Temas em debate

Entre os assuntos presentes nos debates, o atual cenário político teve destaque especial, assim como a perda de direitos dos trabalhadores do campo e da cidade. A Revolução Russa também foi bastante citada como exemplo de luta e vitória da classe trabalhadora e que essa completa 100 anos, de acordo com Luana Carvalho. 

Na feira livre, camponeses tiveram a oportunidade de vender seus produtos e também de levar a esse público outra concepção de alimento. São produtos cultivados sem agrotóxicos e, em alguns casos, produzidos de forma coletiva.

O MST é um movimento popular que luta pela reforma agrária e a distribuição justa de terras para os trabalhadores rurais e defende a agricultura familiar como principal modelo de produção rural. Inclusive, hoje, os pequenos camponeses são responsáveis pela maior parte (60%) dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.

A Jornada Universitária promovida pelo MST é realizada desde 2013 e acontece em vários estados brasileiros. O objetivo é levar para o ambiente acadêmico o debate sobre a reforma agrária, ampliar o conhecimento e provocar interesse por parte de quem realiza estudos e projetos de extensão na área agrária. O evento faz parte de um conjunto de atividades que começaram em abril, mês em que são homenageadas as vítimas do Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, no Pará. 19 trabalhadores rurais foram assassinados por forças de segurança do Estado.

Edição: Vivian Virissimo