Cultura

Um ano após a ocupação do IPHAN, a cultura ainda resiste!

Experiência se firmou em auto-organização, formação política, debates, oficinas, apresentações culturais e convivência

Curitiba (PR) |
Durante os dias de ocupação do prédio, uma série de apresentações artísticas evidenciaram a importância da pluralidade cultural
Durante os dias de ocupação do prédio, uma série de apresentações artísticas evidenciaram a importância da pluralidade cultural - Divulgação

Há um ano, na noite do dia 12 de maio de 2016, primeiro dia depois do golpe de Estado que instituiu o governo ilegítimo de Michel Temer, a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) foi ocupada em Curitiba, estopim de resistência que se alastrou pelo país. 29 sedes do Ministério da Cultura (Minc) foram ocupadas nos 27 estados da federação nos dias que seguiram.   

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No dia seguinte, os presentes na ocupação em Curitiba, nomeando-se “Movimento Cultura Resiste”, redigiram e publicaram seu primeiro manifesto em que deixavam claro que a justificativa da extinção do Minc pelo ajuste financeiro da máquina pública não se sustentava. O Minc sempre foi um dos menores destinos dos gastos do orçamento do Governo Federal, não chegando nem a 1% dele. Nunca constituiu o motivo de déficits orçamentários da União.  

A ocupação do IPHAN em Curitiba mostrou-se um espaço de auto-organização, formação política, debates, oficinas, apresentações culturais e convivência. Experiências que evidenciaram, a quem circulou por ali, a importância da diferença e pluralidade cultural assim como a percepção de que as desigualdades social e racial determinam a desigualdade de acesso às políticas públicas de Cultura. 

No dia 21 de maio de 2016 o governo recuou e recriou o MINC. A medida que tinha como objetivo enfraquecer as ocupações, apenas as fortaleceu. Em junho de 2016, o movimento decidiu desocupar o IPHAN depois de um mês e meio de manutenção daquele espaço de resistência. 

Longe de representar a reivindicação de um segmento de artistas por privilégios, o movimento reafirmou que a valorização da cultura como um direito não está desconectada da garantia dos demais direitos sociais e da emancipação de cada cidadão. Para entender a Cultura como um campo fundamental de políticas públicas e que a ela devem ser destinados recursos que façam jus à sua importância, é necessário que se compreenda que a cultura de um povo é tudo aquilo que este povo cria para dar sentido à sua vida. Um povo que não valoriza a pluralidade e a diversidade cultural é um povo quase sem sentido.

Edição: Carolina Goetten