Especial Venezuela

Processo constituinte popular vai unir venezuelanos, diz estudante

Maduro, anunciou nesta terça as bases para a implantação do processo de eleição da Assembleia Nacional Constituinte

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Apoiadores de Maduro se concentraram nos arredores do CNE
Apoiadores de Maduro se concentraram nos arredores do CNE - Jônatas Campos

Na atual batalha política travada na Venezuela, o governo de Nicolás Maduro fez mais um esforço de reação, diante das fortes críticas feitas pela oposição e das baixas taxas de popularidade. Hoje (23), ele anunciou as bases para a implantação do processo de eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte e foi do Palácio de Miraflores, sede do governo, até o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em marcha com milhares de apoiadores, para entregar oficialmente o pedido de abertura da votação para eleger os 540 deputados que poderão discutir, exclusivamente, uma nova Carta Magna para o país.

A atual bancada de deputados da Assembleia Nacional não participará do processo, mas continuará a exercer seu mandato.

Representante de uma Comuna (um tipo de associação de bairro), a estudante da Universidade Nacional Simon Rodrigues, Rosa Calvo, de 21 anos, apoia o processo constituinte. "É um projeto que vai unir os venezuelanos", disse à reportagem do Brasil de Fato. Ela acredita que os estudantes, mesmo os que estão contra a abertura do processo, vão aderir às discussões: "Teremos direito a voz, a voto. Estamos participando, revolucionando e estamos a favor de construir uma Venezuela melhor".

Também favorável ao processo, o jovem Fred Marques, que trabalha em uma Rádio Comunitária, listou os artigos da atual Constituição que, para ele, garantem a abertura do processo. "Não há leis que combatam o contrabando de comida, o terrorismo. O mundo tem que saber que essa nova assembleia é produto da atual Constituição, criada em 1999", disse.

Constituinte

Entre os pontos mais emblemáticos, a proposta apresentada por Maduro diz que a Assembleia terá deputados representando cada um dos municípios venezuelanos, sendo que nas capitais serão dois deputados.

Setores sociais e econômicos também elegerão um deputado cada. Serão representados os campesinos, pescadores, pessoas com deficiência, empresários, aposentados, estudantes e trabalhadores. Os indígenas mereceram um parágrafo único. "Os povos indígenas estarão representados por oito deputados", disse Maduro ao ler o texto.

Em seu Twitter, o mandatário compartilhou um vídeo no qual diz que "o apoio de um povo nos dá a certeza de que a Constituinte será uma vitória contundente":

Também serão eleitos representantes de conselhos comunais regionalmente. O presidente explicou que cada venezuelano só terá direito a votar por um setor, à sua escolha.

O CNE ainda terá que validar o pedido do presidente Maduro. Quem entregou o documento foi o ministro da Educação e coordenador do processo por parte do governo, Elias Jaua.

Apoiadores permaneceram para ato político mesmo sob chuva | Foto: Jônatas Campos

Em frente ao CNE, na Praça Diego Ibarra, os apoiadores do presidente se reuniram para um ato político. Mesmo com a chuva que caiu durante todo o dia, uma verdadeira multidão permaneceu no local.

O maior desafio do governo, considerando que o CNE aceite e comece a implantar o processo eleitoral, será convencer boa parte da população venezuelana que rejeita o atual governo. Para isso, Maduro tem prometido incluir nas propostas constitucionais as políticas públicas do chavismo que são bem avaliadas pela população, como as de construção de casas populares, a titilação de terras e a segurança alimentar.

Edição: Vanessa Martina Silva