Intervenção

Forças Armadas cercam Planalto; ministro da Defesa anuncia chegada de novas tropas

Em breve pronunciamento no Palácio do Planalto, Raul Jungmann anuncia "ação de garantia da lei e da ordem"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O anúncio foi feito por volta das 16:30, direto do Palácio do Planalto
O anúncio foi feito por volta das 16:30, direto do Palácio do Planalto - Reprodução NBR

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, realizou um pronunciamento em que afirma que está sendo realizada "uma ação de garantia da lei e da ordem", em Brasília (DF), na tarde desta quarta-feira (24). O ministro afirmou que tropas federais encontram-se no Palácio do Planalto e do Itamaraty, e que tropas estarão chegando para assegurar que os prédios dos ministérios sejam mantidos incólumes. O anúncio ocorre em meio aos protestos do "Ocupa Brasília", que pedem a saída do presidente golpista Michel Temer, eleições diretas para Presidência da República e a retirada das reforma trabalhista e previdenciária da pauta do Congresso.

Uma confusão no plenário da Câmara dos Deputados suspendeu a sessão, logo após o anúncio do ministro. Segundo Jungmann, o pedido pela ação com as Forças Armadas teria partido do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao presidente da República, Michel Temer (PMDB). Questionado por deputados da oposição, que estava ausente do plenário, mas que retornou após a confusão, disse negou que havia feita esta solicitação. "Eu quero deixar claro que o meu pedido ao governo foi do apoio da Força Nacional", afirmou, jogando a responsabilidade para Temer: "A decisão tomada pelo governo certamente tem relação com aquilo que entendeu relevante para garantir a segurança".

Antes da declaração do ministro, a Polícia Militar (PM) reprimiu com violência o ato do Ocupa Brasília, que reúne 150 mil pessoas na capital federal. Os oficiais tentaram dispersar os manifestantes que marchavam em direção ao Congresso Nacional. Do carro de som, organizadores do protesto afirmam que um senhor que se manifestava levou um tiro de arma letal. Ainda não há informações oficiais sobre o caso.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o advogado e membro da Consulta Popular Ricardo Gebrim analisou que "nesta situação política, o [governo] Temer pode querer manter o emprego das Foças Armadas para impedir novas manifestações". E que esta movimentação por parte do Executivo "é uma péssima sinalização" e que isso "representa uma medida repressiva para tratar manifestações sociais".

O advogado ainda aponta que o governo busca "se aproveitar de uma situação [específica] para retomar medidas repressivas que podem se expandir para outras cidades, o que é muito perigoso". O fato específico levantado por Gebrim é o incêndio em frente ao Ministério da Agricultura, o qual ainda não tem informações claras sobre a autoria do ato.

"Temos que observar o uso das Forças Armadas, o que isso significa, se apenas uma área será cercada, se vai ficar de forma permanente", indica como leitura para o seguimento desta ação.

Edição extraordinária do Diário Oficial da União foi divulgado autorizando o emprego das Forças Armadas.

Confira na íntegra o discurso do ministro da Defesa, Raul Jungmann:

"Atendendo à solicitação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, mas também levando em conta, fundamentalmente, que uma manifestação que estava prevista para ser pacífica, ela degringolou na violência, no vandalismo, no desrespeito, na agressão ao patrimônio publico, na ameaça as pessoas, muitas delas servidores que se encontram aterrorizados e que nós estamos, neste momento, garantindo sua evacuação, o Sr. Presidente da República decretou, repito, por solicitação do Sr. presidente da Câmara, uma ação de garantia da lei e da ordem. Neste instante, tropas federais encontram-se neste palácio, no Palácio do Itamaraty e, logo mais, tropas estarão chegando para assegurar que os prédios dos ministérios sejam mantidos incólumes. O Sr. presidente da República faz questão de ressaltar que é inaceitável a baderna, o descontrole, e que ele não permitirá que atos como esse venham a turbar um processo q se desenvolve de forma democrática e com respeito às instituições."

Edição: Vivian Fernandes