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Casal quilombola sofre tortura e tentativa de homicídio no Vale do Jequitinhonha

Crime estaria atribuído ao conflito de terra entre comunidade e fazendeiros

Almenara |

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Quilombola Jurandir expõe as fotos tiradas após a tentativa de homicídio
Quilombola Jurandir expõe as fotos tiradas após a tentativa de homicídio - Willian Dias / ALMG

 
A tentativa de homicídio foi contra Jurandir Dias de Souza e Maria Rosa Jané, moradores da  comunidade quilombola de Marobá dos Teixeiras, em Almenara, no Vale do Jequitinhonha. O atentado aconteceu na noite de 24 de março, quando um grupo de jagunços invadiu a casa. Jurandir, Presidente da Associação da comunidade dos quilombolas, foi amarrado à um poste de luz e açoitado, depois sofreu uma tentativa de enforcamento. Sua esposa foi amarrada, espancada e obrigada a engolir veneno. Acreditando que ambos estivessem mortos os jagunços foram embora e então o casal conseguiu se libertar e pedir socorro. As cenas não apagam da memória de Jurandir, mas apesar de todo sofrimento ele afirma que jamais deixará o quilombo.

O quilombo Marobá dos Teixeiras foi fundado em 1868, e é ocupado por 27 famílias. A comunidade já é reconhecida pela Fundação Palmares e tem duas liminares de reintegração de posse, que exige a devolução dos territórios que estão sob posse de sete fazendeiros da região. A comunidade está no controle de apenas 1.350 hectares do quilombo. Mais da metade do território ainda continua sob o poder de fazendeiros. Em março de 2016, os quilombolas retomaram cerca de 350 hectares, inclusive a sede de uma das fazendas que invadiam parte do terreno da comunidade. As vítimas  do atentado suspeitam que este episódio tenha sido o estopim para os fazendeiros. 


Sobre a situação o INCRA informou que os fazendeiros entraram com recurso contra a devolução das terras e por isso a demora em regularizar o território. O caso de tortura e tentativa de homicídio no Quilombo de Marobá dos Teixeiras, foi denunciado na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que agora investiga o acontecido.  O fato também será denunciado na Organização dos Estados Americanos (OEA) e na Procuradoria-Geral da República. 
 
 
 
 

Edição: Edição Minas Gerais