Paraná

Saúde

Doar medula óssea é mais fácil do que parece e mais necessário do que você imagina

4.2 milhões de pessoas estão no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Cauã e seus pais em Campo Largo, no ato de incentivo à doação de medula
Cauã e seus pais em Campo Largo, no ato de incentivo à doação de medula - Carolina Goetten

No último sábado (27), dezenas de pessoas ocuparam a praça central de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, com balões amarelos, apitos e megafones. Vestindo camisetas que as identificavam como “amigos do Cauã”, marcharam pelas ruas principais da cidade para divulgar a doação de medula óssea, iniciativa acessível à maior parte das pessoas e que pode salvar muitas vidas. 

Cauã Marcon tem dez anos de idade e enfrenta um tratamento para curar a leucemia, diagnosticada há pouco mais de um ano. Em seu caso, o transplante de medula já não é mais necessário, porque o organismo de Cauã respondeu bem à quimioterapia.  

A mãe, Solange Marcon, explica que o ato não é direcionado apenas a seu filho e busca contribuir na visibilidade coletiva da causa. “Organizamos esse evento, com união e solidariedade, para ajudar a todos que precisam de transplante e ressaltar a importância de se cadastrar como doador”, ressalta. 

Procedimento 

O transplante de medula óssea é indicado para doenças relacionadas a deficiências no sistema imunológico e à fabricação de células no sangue. Pacientes com leucemia, linfomas e anemias graves são os principais beneficiados pelo procedimento.  

O primeiro passo é dirigir-se a um centro de doação de sangue para realizar o cadastro. Ali, são recolhidos 5 ml de sangue para a realização de testes quanto ao tipo sanguíneo e de compatibilidade. “Dentro da família, a probabilidade de encontrar um doador se limita a 25%. Na população em geral a chance é ainda menor: a perspectiva média é de um doador compatível a cada cem mil pessoas”, compara a enfermeira Raíssa Bittencourt, que trabalha no Hospital de Clínicas.  

A enfermeira também desconstrói a imagem de que o procedimento é perigoso. “Muitas pessoas confundem a medula óssea com a medula espinhal e por isso têm medo de doar. Porém, trata-se de um tecido que se localiza no interior dos ossos, do qual se retira 15% com uma agulha, com anestesia e com todas as precauções necessárias”, explica. 

Até fevereiro de 2017, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) contabilizava mais de 4.2 milhões de inscritos. Com este banco, a chance de um paciente encontrar um doador compatível é estimada em 64%. O Paraná está entre os quatro estados com maior número de doadores, com cerca de 700 mil. 

Experiência que transforma quem doa e quem recebe 

A terapeuta Sandra Pok foi informada por telefone, em dezembro de 2013, que sua medula era compatível com a de um paciente. Depois de seis anos cadastrada como doadora, chegava o momento de compartilhar seu tecido saudável com uma pessoa que precisava do transplante.  

“Sempre fui doadora de sangue e naquele momento eu não pensei duas vezes. Hoje, o bem estar que eu sinto faz tudo valer a pena. Essa sensação paga qualquer medo ou incômodo que possa surgir com o procedimento cirúrgico”, conta Sandra, que considera o episódio como um divisor de águas em sua vida. Ela nunca conheceu o paciente, e a única informação a que teve acesso é que o receptor morava na Suíça. “Até hoje penso nele, mentalizo a intenção de que esteja bem depois do transplante e que a operação tenha dado certo”, diz a terapeuta.

Sandra ressalta a importância de que doadores mantenham seus dados sempre atualizados junto aos hemocentros. “Às vezes, encontram um doador compatível e não conseguem localizá-lo porque houve mudança de endereço ou de telefone”, alerta.

 

Edição: Ednubia Ghisi