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Presença revoluconária

Em tempos de golpe, homenagear Heredia é um dever e uma inspiração à resistência

O falecimento do cubano Fernando Heredia é uma grande perda para a luta revolucionária

13.jun.2017 às 18h39
Updated On 01.fev.2020 às 18h39
São Paulo (SP)
Olivia Carolino Pires
Seu legado inspira a nossa militância a combinar a produção dos clássicos com os problemas específicos do nosso povo.

Seu legado inspira a nossa militância a combinar a produção dos clássicos com os problemas específicos do nosso povo. - Seu legado inspira a nossa militância a combinar a produção dos clássicos com os problemas específicos do nosso povo.

Fernando Martínez Heredia faleceu nessa segunda feira, 12 de junho, em Cuba. São muitos os militantes de diversas gerações que lamentam a partida desse companheiro que uniu teoria e prática num pensamento vivo. Sua produção é um importante legado de um marxismo original e de uma ferramenta para a ação política. Fernando Heredia é um dos mais importantes pensadores marxistas da América Latina e do Mundo.

Se fosse necessário definir Fernando Heredia em uma só oração, diria que é um revolucionário cubano comunista. Revolucionário por haver sido insurrecional e por ser subversivo contra a ordem e as dominações. Cubano na sua plenitude, e por isso irreverente, patriota, ocidental e simpático. Comunista por ser internacionalista, pela austeridade em que viveu, pela entrega e a humildade verdadeira. Todas essas qualidades as foi desenvolvendo numa vida caracterizada por uma dedicação incansável ao trabalho e um amor sem limites às tarefas que realizava.

A combinação de tudo isso foi um ser humano que se forjou a si mesmo através dos papéis que lhe tocou desempenhar. Essas são palavras do próprio Heredia, homenageando a Manuel Piñero, em 2008. Não encontro descrição melhor para homenagear quem as escreveu do que citar a homenagem ao amigo falecido em 1998. A essa dupla, Manuel Piñero e Fernando Heredia, devemos muito do legado latino-americano do Projeto Popular.

Conheci Fernando Heredia em 2001 no intercâmbio Político e Cultural do Projeto BrasCuba. Eu era apenas uma menina-militante que se depara com o povo e com a revolução cubana e tive o privilégio de olhar para Cuba pelos olhos de um revolucionário. Fernando foi um revolucionário cubano que expressou na ação e no pensamento a essência da Revolução: rebeldia, ousadia, solidariedade e humildade. Sua coerência ideológica, política e na vida cotidiana nos ensinava uma cultura política diante de uma realidade que precisa ser transformada.

Lembro que para aquele grupo de jovens do BrasCuba a tarefa dada foi a de não perdemos a capacidade de se indignar, utilizar todos os instrumentos intelectuais que estejam ao nosso alcance, colocar a serviço da luta o trabalho intelectual, não temer romper a ordem do sistema, ser subversivo, atacar a ordem vigente e não parte dela e abandonar as distintas ideologias favoráveis à dominação.

Daí em diante ele esteve presente na minha vida e nas pesquisas que desenvolvi na universidade, na graduação, sobre a dupla moeda na Economia Cubana, até a pós-graduação, o doutorado sobre “Questão Nacional na América Latina” que foi inspirado em uma parte de seu pensamento, que é o tema da Libertação Nacional, fundamental para maior parte dos povos e que não era uma proposição original de Marx.

Grande parte das entrevistas da tese com Fernando Heredia foram realizadas em contextos de formação de militantes (2007, 2011, 2013 e 2014); Em 2007, Fernando e Ester Peres, sua companheira e grande referência na educação popular, estiveram assessorando o curso de Teoria Política Latino-americana da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). Diante da riqueza e diversidades de processos políticos e organizativos da América Latina e África reunidos nesse curso, acredito que a contribuição deles fez com que todos os militantes saíram dessa experiência formativa compreendendo que na América Latina não se separa luta de libertação nacional, anti-imperialismo e transição socialista, além da convicção da necessidade de construir uma organização revolucionária forte. Bom, quem conviveu com Fernando e Ester, com certeza, carrega pela vida a fora um grande sentimento de amor.

Trajetória

Fernando nasceu em Cuba, em 1939, e com menos de 20 anos estava nas trincheiras da revolução de seu país, revolução essa que, durante sua vida, ajudou a realizá-la e concebê-la como uma Revolução Socialista de Libertação Nacional. Estudou na Universidade de La Habana de 1959 a 1963, graduando-se em Direito. Em 1966 foi um dos fundadores de “El Caimán Barbudo”, e no final desse ano fez parte do grupo que criou a revista mensal “Pensamiento Crítico”, tendo sido seu diretor durante todo o tempo em que foi publicada, de 1967 a 1971.

A revista “Pensamiento Crítico” deu voz ao pensamento dos revolucionários em tempos de revoluções na América Latina. É uma das publicações mais originais, que combina o marxismo europeu com o pensamento latino, sem deixar de buscar o marxismo dos outros polos irradiadores. Com o fechamento da revista passou a se dedicar a tarefas de pesquisa na Universidade de La Habana. Em 1976 passou a ser pesquisador no Centro de Estudos sobre Europa Ocidental, ligado ao Comitê Central do Partido Comunista Cubano. Trabalhou no Departamento América junto a Manuel Piñero. Heredia foi indicado ao Centro de Estudos sobre América, em 1984, onde foi Investigador titular, chefe de Departamento e membro do Conselho Científico de Cuba, até que se transferiu ao Centro de Investigações Culturais Juan Marinello, em 1994, do Ministério de Cultura. Neste centro, ao trabalhar como investigador, foi o presidente da Cátedra de Estudos Antonio Gramsci desde sua criação em 1997. Fernando Heredia foi o elo da minha geração com a geração setentista, e nos fez chegar com muito rigor e empenho a crítica em tempos de revolução na América Latina.

Nos últimos vinte anos, continuou suas pesquisas e reflexões sobre a realidade cubana, expandiu e sistematizou sua dedicação à história de Cuba, e também a questões sociais e políticas na América Latina publicando importantes livros, como “La revolución Cubana del 30” (2007); “Las ideas y la baballa del Che” (2010), entre outras publicações e entrevistas de extrema importância para criar um legado de uma nova universalização do pensamento marxista a partir dos processos latino-americanos e a serviço de quem se entrega à revolução. Foi um dos principais conhecedores do pensamento de Che Guevara, sendo reconhecido pela Casa das Américas em Cuba em 1989.

Ensinamentos

Um homem sumamente culto e incansável nas conversas com os mais jovens. Dedicou-se a crítica da cultura da dominação, mostrando como em época de Guerra Fria, a ideologia capitalista foi capaz de universalizar a cultura da dominação a partir dos EUA e suas áreas de influência, por meio da democratização das formas culturais, da produção e distribuição da cultura e da homogeneização dos padrões de consumo.

É presente nas reflexões de Heredia que a transformação de povo em público aponta para imobilidade das massas populares, devido a esse processo hegemônico que retira a capacidade crítica de reflexão. Por outro lado, nesse período, o marxismo se universaliza, a partir da URSS, como a orientação à sua área de influência é o da “coexistência pacífica entre socialismo e capitalismo” e da “classe contra classe”. Essa universalização do marxismo tinha como consequência política uma paralisia do movimento dos povos. Diante desse diagnóstico, a contribuição de Heredia fundamenta que a reinvenção da luta contra o capitalismo se dá nos marcos do sentimento de autodeterminação dos povos, do nacionalismo e da soberania. Esse conteúdo não vem de um sentimento, mas, de experiências concretas de Revoluções radicais que se dão a partir dessa premissa, como a chinesa, cubana, vietnamita e argelina, colocam a perspectiva de universalização do marxismo a partir das formações sociais de países vítimas da colonização e neocolonização capitalista.

A medida que a cultura do capitalismo abandona ideias de progresso e civilização do capitalismo originário, sucumbida na individualização, competitividade e meritocracia que divide a sociedade em indivíduos de sucesso ou de fracasso, em alguma medida, o progresso civilizatório é “deixado” para os socialistas. O progresso civilizatório socialista seria uma saída necessariamente coletiva, com vistas a criar uma cultura diferente e oposta à cultura capitalista. Nesse cenário, a diversidade de pensamento é um campo de luta marxista. As chamadas “Revoluções do 3º Mundo”, a partir de suas particularidades, impõe a necessidade do pensamento crítico, ou seja, um marxismo que seja útil para fazer a Revolução e que sirva para transformar as relações sociais e as pessoas. Além disso, esses processos rompem com as perspectivas que paralisam o movimento das “massas populares” e colocam, a partir da experiência prática da Revolução Cubana, a perspectiva dos povos se colocarem em movimento no sentido de protagonistas de sua libertação. E são desses processos concretos que se desdobra nova forma de organização e concepção de socialismo, a partir da libertação nacional.

O pensamento de Fernando Heredia fundamenta a abordagem da história da perspectiva popular, da perspectiva que trabalhadores, camponeses e miseráveis deixam de ser pano de fundo. Junto a eles, aparecem os que abandonaram a opção de fazer parte ou ser ajudantes da dominação para servir ao povo e tornarem-se povo. Foi essa inspiração que me moveu nas reflexões acadêmicas, nas tarefas militantes e na dedicação à educação popular.

Fernando Heredia fez escola, semeou pelo mundo o método de que devemos nos apropriar dos conceitos e pensamentos marxistas com rigor e aplicá-los com criatividade, concepção essa que dava a tônica no método de construção de seu pensamento, e que desse modo contribuiu para construção de um pensamento marxista vivo. Soube combinar a produção dos clássicos com os problemas específicos de Cuba, da América Latina e do nosso tempo.

Em tempos de golpes no Brasil e de ofensiva do Império em toda América Latina e Caribe, homenagear Fernando Heredia é um dever e uma inspiração para resistência. Seu legado inspira a nossa militância a combinar a produção dos clássicos com os problemas específicos do nosso povo, aliando a história dos povos latinos à suas lutas atuais.

É uma grande perda para a luta revolucionária. Um companheiro extremamente culto, humilde, de enorme sensibilidade. Eu queria deixar registrado um agradecimento profundo ao meu amigo, companheiro e inspiração de vida e luta. Nossa maneira de homenageá-lo é em alto e bom som: “pátria livre, venceremos!”.

Fernando Martinez Heredia (1939 – 2017)

Presente, hoje e sempre.

*Olivia Carolino Pires é militante da Consulta Popular e educadora popular do CEPIS

Editado por: Luiz Felipe Albuquerque
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