GREVE GERAL

Trabalhadores trancam vias no Recife e interior em apoio à greve

Da madrugada ao fim da manhã dezenas de bloqueios foram registrados

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Na cidade de Pesquera, Agreste pernambucano, indígenas do povo Xukuru se somaram à Frente Brasil Popular, MST e demais sindicatos da região.
Na cidade de Pesquera, Agreste pernambucano, indígenas do povo Xukuru se somaram à Frente Brasil Popular, MST e demais sindicatos da região. - Frente Brasil Popular/Pesqueira

Esta sexta-feira (30), dia de greve geral convocada pelas principais centrais sindicais do Brasil, começou bem cedo para centenas de trabalhadores que não foram aos seus postos de trabalho mas acordaram bem cedo – ou nem mesmo dormiram – para participar de trancamentos de vias e rodovias em Pernambuco. Os bloqueios em apoio à convocatória de greve tiveram por objetivo forçar os demais trabalhadores a permanecerem em casa e mandar um recado aos patrões que controlam a política.
Em todo o estado foram dezenas de vias e rodovias trancadas. Além de sindicatos de trabalhadores rurais e urbanos, participaram dos trancamentos movimentos de trabalhadores sem teto, sem terra e outros movimentos populares que integram a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo. Há registros de bloqueios em Petrolina, Arcoverde, Sertânia, Ouricuri, São Caetano, Pesqueira, Goiana, Moreno, São Lourenço da Mata e Recife.
No município de Ouricuri, no Sertão pernambucano, o Comitê da Democracia da região do Araripe organizou os bloqueios da BR-116 e da PE-122, com forte presença de trabalhadores rurais e de jovens. Presente no bloqueio da rodovia estadual, a estudante Samara Santana, 15 anos, convocou a juventude a se somar nas mobilizações, avisando que “se não lutarmos agora, sofreremos muito no futuro”. “A gente está lutando contra esse governo que quer tirar nossos direitos. Temos que defender a aposentadoria, ficar contra a reforma trabalhista e contra outras injustiças que querem fazer contra nossa nação”, informou Santana.

No Recife, a autônoma Silvana Medeiros, militante do movimento feminista Marcha Mundial das Mulheres (MMM), participou do trancamento realizado na avenida Cruz Cabugá, no centro da cidade. O bloqueio da via, organizado por mulheres de movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, ocorreu nas primeiras horas da manhã, queimando pneus e portando bandeiras e faixas contra as reformas trabalhista, previdenciária, pedindo a saída do presidente golpista Michel Temer e reivindicando a realização imediata de eleições diretas. “Nós compreendemos que esse golpe é, além de tudo, patriarcal. E por isso nos juntamos às companheiras das frentes nesse enfrentamento de hoje”, disse Medeiros.
Na capital, apesar da decisão do Sindicato dos Rodoviários em não aderir à greve, muitos motoristas não se apresentaram aos seus postos de trabalho e as empresas de transporte funcionaram com número reduzido de ônibus. Há ainda registros de dezenas de ônibus bloqueando algumas das principais vias do centro da cidade. Bloqueios organizados por sindicatos na região central da cidade podem ter colaborado para a decisão dos rodoviários em cruzar os braços durante algumas horas na manhã desta sexta.
Já os metroviários aderiram à convocação das centrais sindicais e cruzaram os braços, colocando o metrô em funcionamento apenas nos horários de pico. Já os trabalhadores e trabalhadoras da educação, os bancários e algumas categorias das indústrias aderiram à greve e paralisaram durante 24 horas.

Edição: Monyse Ravena