Dois de Julho na Bahia

Comemoração da independência da Bahia tem "Fora Temer" em meio à cortejo

Festa relembra força do povo baiano durante luta pela liberdade do Estado

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Cortejo passa pelas ruas de Salvador, na comemoração do Dois de Julho
Cortejo passa pelas ruas de Salvador, na comemoração do Dois de Julho - Manu Dias/GOVBAnu Dias

As comemorações de Independência da Bahia, que completa 194 anos, tiveram início neste domingo na cidade Salvador e foram marcada por manifestações contra o governo golpista de Michel Temer e as Reformas que estão em andamento. 

Conhecida como Dois de Julho, a data é relembrada todos os anos com um desfile que se inicia na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, e finaliza no Pelourinho, em Salvador. A comemoração visa lembrar a luta e resistência do povo baiano, que só teve seu Estado independente um ano após Dom Pedro dar o famoso grito às margens do riacho do Ipiranga. 

Este ano, o desfile contou com cartazes e gritos de “Fora Temer”e “Diretas Já”. Sindicatos e Movimentos Sociais marcaram presença, assim como autoridades como o governador Rui Costa (PT), o ex-ministro da Casa Civil, Jacques Wagner, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) e a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Um princípio de tumulto, sem maiores consequências, ocorreu logo no inicio da concentração, no Largo da Lapinha, em Cachoeira, onde vaias foram proferidas para apoiadores do juiz Sergio Mouro. Fora isso, pessoas presentes no hasteamento da bandeira chamaram o prefeito da cidade, ACM Neto, de golpista.

O prefeito, que apoia Michel Temer, tem sido acusado de tentar calar a voz do povo cotidianamente e o Dois de Julho foi mais um dos exemplos. ACM enviou notificações aos proprietários de imóveis localizados nas regiões por onde passa o cortejo informando a proibição do uso de faixas e cartazes, numa tentativa de censurar o desfile. 

A independência baiana

A independência do Brasil em 1822 não significou total desligamento do governo de Portugal e muitas províncias ainda eram dominadas pelo país. O estado da Bahia era uma delas e somente em 1823, depois de muita luta, os baianos puderam comemorar a liberdade.

Apesar de a Marinha e o Exército do Brasil apoiarem a resistência na Bahia, foram os cidadãos, incluindo muitos negros e índios, que tiveram papel fundamental no período e quase nunca são lembrados pelo feito. Mulheres também tiveram sua importância na luta, como Maria Quitéria, que se alistou no Exército para combater as tropas portuguesas e Joana Angélica, sendo figura importante na resistência durante a invasão de um convento, onde se encontravam vários soldados brasileiros.

Os festejos duram dias e além do cortejo, que segue com o “fogo simbólico” até uma pira no bairro do Pirajá, contam com queima de fogos, homenagens às figuras importantes da história, hasteamento das bandeiras e atividades culturais. 

Edição: José Eduardo Bernardes