A ameaça de novas delações premiadas envolvendo Michel Temer (PMDB) aumentou as chances de afastamento do presidente golpista. Diante deste cenário, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já faz articulações no Congresso Nacional para substituir o peemedebista no Palácio do Planalto.
O ex-deputado federal Eduardo Cunha pode acelerar o processo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. O receio da defesa do ex-deputado é que o depoimento perca força caso Temer, que foi denunciado por corrupção passiva pela Procuradoria-Geral da República, seja afastado do cargo. Neste momento, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara é a responsável por elaborar relatório na qual indicará se o Supremo Tribunal Federal (STF) está autorizado a dar prosseguimento à denúncia.
Deputados e ministros de partidos da base do governo, como Partido Social Democrático (PSD), Partido Progressista (PP), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Podemos e o Democratas (DEM), formam uma coalizão pró-Maia e demonstram apoio a possível governo por ele comandado.
Além da articulação parlamentar, o presidente da Câmara dos Deputados também intensificou contatos no mercado financeiro desde o agravamento da crise política em um aceno para a continuidade da agenda de reformas, como a da Previdência, e a manutenção da equipe econômica, como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Segundo o jornal Valor Econômico, Maia tem tido encontros com investidores e analistas dos bancos Santander, Itaú e Banco Société Générale Brasil, de corretoras como XP Investimentos e BGC Liquidez, de empresas de análise, e economistas, como o diretor-presidente do Insper, Marcos Lisboa.
Linha sucessória
A partir da semana que vem, a CCJ pode votar o parecer do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) sobre prosseguimento da denúncia contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF).
Se o relatório de Zveiter for aprovado, o tema segue para o Plenário. Caso sejam alcançados 342 votos na Câmara dos Deputados para autorizar que Temer seja julgado por corrupção passiva no STF, ele será afastado por até 180 dias e Maia assume o Planalto interinamente. Se condenado, Temer deixa o cargo e o Congresso convoca eleições indiretas.
Maia é o primeiro na linha sucessória da Presidência da República, e tem negado publicamente uma movimentação para fragilizar o atual governo.
Edição: Rafael Tatemoto